quinta-feira, 23 de julho de 2009

POUCA VERGONHA SÓ DE SARNEY?

Deu no Bog de Lúcia Hippólito ( O Globo)Farra com o dinheiro do contribuinteO OCASO DO CORONELAs mais recentes denúncias sobre as estripulias do senador José Sarney estão longe de ser as últimas e apontam na mesma direção de todas as anteriores: a privatização de recursos e espaços públicos em benefício próprio. Ou de sua família. E o desprezo às leis do país.Senão vejamos. Distraído, Sarney não reparou que recebia mensalmente R$ 3,8 mil de auxílio-moradia, mesmo tendo mansão em Brasília e tendo à disposição a residência oficial de presidente do Senado.Culpa da burocracia do Senado.Distraidíssimo, Sarney esqueceu de declarar sua mansão de R$ 4 milhões à Justiça Eleitoral.Culpa do contador.Precavido, requisitou seguranças do Senado para proteger sua casa em São Luís - embora seja senador pelo Amapá.Milionário (embora o Maranhão continue paupérrimo), não empregou duas sobrinhas e seu neto em suas inúmeras empresas. Preferiu que se empregassem no Senado.Milionário generoso, não quis deixar a viúva de seu motorista ao relento. Empregou-a para servir cafezinho no Senado, em meio expediente, com salário de R$ 2,3 mil. Ah, e alojou-a em apartamento na quadra dos senadores.Generoso, não impediu que seu outro neto fizesse negócios milionários com crédito consignado no Senado.Ainda generoso, entendeu que um agregado da família deveria ser também empregado como motorista do Senado - salário atual de R$ 12 mil - mas trabalhando como mordomo na casa da madrinha, sua filha e então senadora Roseana Sarney.Aliás, Roseana considerou normal convidar um grupo de amigos fiéis para um fim de semana em Brasília - com passagens pagas pelo Congresso.Seu filho, Fernando Sarney, o administrador das empresas, que sequer é parlamentar, considerou normal ter passagens aéreas de seus empregados pagas com passagens da quota da Câmara dos Deputados.Patriarca maranhense, ocupou as dependências do Convento das Mercês, jóia do patrimônio histórico, e ali instalou seu mausoléu. O Ministério Público já pediu a devolução, mas está complicado.Não é um fofo?Um dos mais recentes escândalos cerca justamente a Fundação José Sarney, que se apoderou das instalações do Convento das Mercês. Consta que R$1.300 mil captados através da Lei Rouanet junto à Petrobrás, para trabalhos culturais na Fundação José Sarney foram... desviados.Não há prestação de contas, há empresas-fantasmas, notas fiscais esquisitas.Enfim, marotice, para dizer o mínimo. Mas Sarney alega que só é presidente de honra da Fundação.Culpa dos administradores.E o escândalo mais recente (na divulgação, não na operação): Sarney seria proprietário de contas bancárias no exterior não declaradas à Receita Federal. Coisa do amigão Edemar Cid Ferreira, amigão também da governadora Roseana Sarney a quem, dizem, costumava emprestar um cartão de crédito internacional. Coisa de gente fina.Em suma, acompanhando as peripécias de José Sarney podemos revelar as entranhas do coronelismo, do fisiologismo, do clientelismo. Do arcaísmo.Tudo isto demora a morrer. Estrebucha, solta fogo pela venta. Mas um dia desaparece.Tal como os dinossauros.



23/07/09 - 12h43 - Atualizado em 23/07/09 - 12h58
Senadores vão enviar carta apelando a Sarney para que renuncie
Áudio de conversas na televisão ‘foi a gota d’água’, avalia Cristovam.‘É ridícula a situação’, diz Pedro Simon (PMDB-RS) sobre diálogos.
Robson Bonin Do G1, em Brasília

Reunidos na manhã desta quinta-feira (23), os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) decidiram desencadear uma série de gestos políticos para convencer o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a deixar o comando da Casa. Os senadores afirmaram que vão encaminhar ofício ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), para que este convoque uma reunião de emergência do colegiado para avaliar as últimas denúncias apresentadas contra Sarney. Eles também enviarão uma carta ao próprio presidente do Senado pedindo a sua renúncia. Da mesma forma, os parlamentares afirmaram que vão mobilizar, por telefone, o maior número de senadores favoráveis à saída de Sarney. “E também é importante que a opinião pública envie cartas, telefone para os senadores que elegeram, para formar essa comoção política”, disse Buarque.
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O presidente do Conselho de Ética é o responsável por analisar as denúncias e decidir pela abertura de investigação contra Sarney. Aliado do presidente da Casa, ele já afirmou que não irá adotar nenhuma medida sem que sejam constatados “fatos relevantes”. O Regimento Interno do Senado não prevê a hipótese de convocação do Conselho de Ética pelos senadores. Mas o presidente do conselho pode convocar o colegiado para uma reunião, caso entenda que há necessidade. Na avaliação de Buarque, a revelação dos diálogos em que Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, negocia com o pai a nomeação do namorado da filha elevou a crise ao limite do tolerável. “A reprodução na televisão da voz dos familiares do presidente e do próprio Sarney foi a gota d’água. Isso provoca um estrago inimaginável no imaginário popular”, argumenta Buarque. Para Simon, o presidente Sarney presta “um desserviço ao país” continuando na presidência do Senado. Segundo ele “A situação chegou ao limite”.

“Por isso decidimos fazer um apelo dramático ao presidente Sarney, porque ele tem que renunciar. Ele não pode expor a família dele, expor o Senado. É ridícula a situação. A opinião pública olha com deboche para o Senado”, avalia Simon. Para os senadores, seria um “gesto de grandeza” a renúncia de Sarney e não “um gesto de confissão”. “Tenho rezado pelo Sarney para que Deus o ajude”, revela Simon.

O G1 tentou localizar a assessoria do presidente do Senado para comentar as declarações dos senadores e ainda aguarda o retorno dos recados. O advogado Eduardo Ferrão, defensor da família Sarney, voltou a afirmar que não há ilegalidade nos diálogos e não quis comentar as afirmações dos senadores.
Cassação
Na quarta-feira (22), Cristovam Buarque afirmou que o surgimento dos diálogos entre Sarney e seu filho Fernando negociando a nomeação do namorado de sua filha para uma vaga no Senado estaria deixando “mais próxima” a possibilidade de abertura de um processo de cassação contra o presidente da Casa. Para Cristovam Buarque, a situação de Sarney se agravou com as novas denúncias. Segundo ele, a ideia de que o recesso abrandaria a pressão sobre o presidente do Senado caiu por terra. “Deixamos uma casa pegando fogo, e esse fogo só aumenta”, avalia. Para ele, o presidente do conselho, Paulo Duque tem a obrigação de ordenar a abertura de investigação sobre o caso. “A briga não pode ser mais do PSOL, tem de ser todos os partidos. O [Paulo] Duque não tem direito de arquivar o processo, porque seria uma bofetada na cara do povo esse arquivamento”, disse. O Conselho de Ética é composto de 15 membros. Na composição atual, a base do governo tem dez cadeiras. A oposição conta com cinco. Embora não tenha respaldo legal no regimento da Casa, Cristovam afirmou que vai propor, na volta do recesso, que seja realizado um plebiscito no plenário do Senado, para que todos os senadores, em votação aberta, decidam sobre a permanência de Sarney no comando da Casa.
Quarta denúncia
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), formalizou nesta quinta-feira (23) a quarta denúncia por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Virgílio havia desistido de acionar o peemedebista por não encontrar indícios de envolvimento do presidente da Casa no caso. Foi o surgimento desses diálogos que fez o líder tucano mudar de ideia. Além das quatro denúncias apresentadas por Virgílio no Conselho de Ética, há outras duas representações formalizadas pelo PSOL, que envolvem Sarney e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), pela suposta responsabilidade pelos atos secretos. Além da denúncia apresentada nesta quinta, nas duas primeiras medidas Virgílio pede que seja investigada a responsabilidade do presidente do Senado por envolvimento em supostas irregularidades em um convênio de R$ 1,3 milhão assinado pela Petrobras com a Fundação José Sarney. Já na terceira, o líder tucano pede apuração pela responsabilidade de Sarney na edição dos atos secretos. Se as denúncias forem acolhidas pelo conselho, Sarney poderá ser afastado do comando da Casa. Isto porque, em fevereiro de 2008, o Senado aprovou projeto de resolução que afasta dos cargos de comando da Casa os parlamentares investigados por quebra de decoro parlamentar.

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