“Começaram por perseguir os comunistas,e eu não protestei, porque não era comunista.
Depois, vieram buscar os judeus,e eu não protestei, porque não era judeu.
Vieram buscar os homossexuais,e eu não protestei, porque não era homossexual.
Vieram buscar os ciganos,e eu não protestei, porque não era cigano.
Um dia, vieram-me buscar.E já não havia ninguém para protestar”
Ao contrário do que muita gente pensa, esses não são versos de Maiakóviski e sim um trecho de um sermão feito em 1933 pelo pastor luterano alemão Martin Niemöller contra o regime nazista, que o levou à prisão nos campos de concentração de Sachsenhausen e Dachau, até o fim da guerra.
Ficou conhecido como um dos raríssimos rostos das Igrejas Cristãs, alemãs ou não, que contestou Hitler e seus nazistas até o fim.
Sua história está no artigo abaixo, da Deustche Welle.
Sua luta solitária merece ser lembrada ano após ano, enquanto houver tiranetes, déspotas e canalhas mandando no mundo.
No dia 7 de fevereiro de 1938, começou em Berlim um processo a portas fechadas contra o teólogo protestante Martin Niemöller. O iniciador da “Igreja Engajada” foi acusado de “abusar do púlpito” e de fazer “declarações contra o Estado”. O pastor Niemöller tornou-se posteriormente o maior símbolo da resistência protestante contra o regime nazista.
“Ter fé significa seguir Jesus. E a quem afirma que acredita em Jesus Cristo, posso perguntar sobre a sua vida e dizer: você acha que Jesus Cristo aprovaria o que você faz hoje? Que, com isto, você está sendo sucessor de Jesus de Nazaré?”
“O que faria Jesus?”, esta foi a pergunta básica na vida do pastor Martin Niemöller e foi esta pergunta que o levou a entrar em conflito com o regime nazista. No início, nada indicava que Martin Niemöller viria a ser um dia o símbolo da resistência protestante. Ele nasceu em 1892, filho de um pastor evangélico, e foi educado para a fidelidade ao imperador e com sentimento patriótico alemão. Depois de concluir o curso colegial, ele ingressou na Marinha como soldado de carreira. Mesmo depois de formar-se em teologia, ele permaneceu fiel à sua ideologia patriótica e conservadora: em 1924, votou no NSDAP, o partido de Hitler. Mas após a subida dos nazistas ao poder, em 1933, Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou num conflito crescente com o novo governo.
A criação da Igreja Engajada
Mesmo sendo nacionalista e não estando inteiramente livre de preconceitos anti-semitas, Niemöller protesta decididamente contra a aplicação do “parágrafo ariano” na Igreja e a falsificação da doutrina bíblica pelos cristãos alemães de ideologia nazista. Para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, ele criou no outono de 1933 a “Liga Pastoral de Emergência”, que foi transformada então na “Igreja Engajada” em 1934. A Igreja Engajada resultou da crise eclesiástica e recusou obediência à direção oficial da Igreja, que apoiava o regime nazista.
Em 1934, Niemöller acreditava ainda que poderia discutir com os novos donos do poder. Numa recepção na Chancelaria em Berlim, ele contestou Hitler, que queria eximir a Igreja de toda responsabilidade pelas questões “terrenas” do povo alemão: “Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei a sua mão fortemente e disse: ‘Sr. Chanceler, o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente’. Então, ele puxou a sua mão, dirigindo-se ao próximo e não disse mais nenhuma palavra.”
Na mira dos nazistas
A partir deste incidente, Niemöller fica cada vez mais na mira do regime. É observado pela Gestapo e proibido de fazer pregações, o que ele não aceita. Em 1935, é preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante. No verão de 1937, ele pregava: “E quem como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso vespertino de anteontem, a não ser três jovens policiais da Gestapo – três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador na cerimônia de crisma, e agora são enviados para armar ciladas à comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e deseja clamar ‘Senhor, tende piedade’ de forma bem profunda.”
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Passados cerca de sete meses, no dia 7 de fevereiro de 1938, começou então o seu processo diante do Tribunal Especial II em Berlim-Moabit. Segundo a acusação, Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas pregações “de maneira ameaçadora para a paz pública”, teria feito “declarações hostis e provocadores” sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o “parágrafo do Chanceler” e a “lei da perfídia”. A sentença: sete meses de prisão, bem como dois mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do tribunal como homem livre. Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu “prisioneiro pessoal” para um campo de concentração. Até o fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller permaneceu preso – inicialmente, no campo de concentração de Sachsenhausen, depois no de Dachau.
Este blog pretende retratar a delicada tarefa de defesa de policiais militares, em especial no Estado de São Paulo. Alcançará outros assuntos, conexos com a Justiça, Polícia Judiciária e área governamental. Assuntos ligados ao interesse individual/coletivo em contraponto à crise que se espraia, silenciosa e traiçoeira, devastando interesses humanos e materiais pela sua imponderabilidade, são o ponto alto mundial. Comentários serão sempre bem-vindos,responsabilizado o autor em caso de excessos.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
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