I
Quando vi Dilma Roussef
Sair na televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação,
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.
II
De repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a vêem,
Começam a soltar psiu,
Pensando em 2010 E nos bilhões que ela pariu.
III
A mulher, que era emburrada,
Anda agora sorridente,
Acenando para o povo,
Alegre, mostrando o dente,
E os baba-ovos gritando:
É Dilma pra presidente!
IV
Mas eu sei que o olho grande
É na montanha de bilhões
Que Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar,
Sobretudo nos grotões.
V
Senadores garanhões,
Sedutores de donzelas,
E deputados gulosos,
Caçadores de gazelas,
Enjoaram das modelos,
Só querem casar com ela.
VI
Eu também quero uma lasquinha
Uma filepa de poder
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.
VII
Eu já vi um deputado
Dizendo no Cariri
Que Dilma é linda e charmosa,
Igual não existe aqui,
E é capaz de ser mais bela
Que Angelina Jolie.
VIII
Dilma pisa devagar
Com seu jeito angelical,
Nunca deu grito em ninguém
Nem fez assédio moral
Ou correu atrás da gente
Com um pedaço de pau.
IX
Dilma superpoderosa:8 bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser,
Da forma que ela mandar,
Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar
X
Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela,
Topo matar jararaca,
pagar fogo na goela,
Para no ano vindouro
Fazer um PAC com ela.
Este blog pretende retratar a delicada tarefa de defesa de policiais militares, em especial no Estado de São Paulo. Alcançará outros assuntos, conexos com a Justiça, Polícia Judiciária e área governamental. Assuntos ligados ao interesse individual/coletivo em contraponto à crise que se espraia, silenciosa e traiçoeira, devastando interesses humanos e materiais pela sua imponderabilidade, são o ponto alto mundial. Comentários serão sempre bem-vindos,responsabilizado o autor em caso de excessos.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
MAR MORTO
xico graziano
O artigo publicado hoje, terça-feira, 24 de fevereiro, em minha coluna no jornal O Estado de S. Paulo, intitula-se "MAR MORTO". Caso não disponha do jornal, o artigo encontra-se abaixo. A relação completa das publicações pode ser encontrada em www.agrobrasil.agr.br.
Passada a ressaca do carnaval, terminam pra valer as férias. Milhões de brasileiros se deliciaram com as belezas do litoral. A areia da praia se acalmará. O mar, tristemente, estará mais poluído.
Embalagens, sacos plásticos, garrafas, fraldas descartáveis, camisinhas, tudo quanto é porcaria da civilização tende, desgraçadamente, a rumar para o oceano. Os dejetos chegam nadando nas águas da chuva e dos rios, eles próprios quase sempre enegrecidos e mal cheirosos. Basta conferir algumas capitais brasileiras situadas na orla.
Quem viajou ao Nordeste ultimamente pode testemunhar a tragédia crescente da poluição marítima. Em Maceió, por exemplo, a bela praia de Jatiúca sofre com a feia agressão ambiental. Turistas, muitos deles estrangeiros, se arrependem de deixar as piscinas do hotel para caminhar na areia salgada. Seus passos trombam com pedaços de boneca, tubos de pasta de dente, potes de macarrão barato e, sempre, muitos materiais plásticos, de todas as cores, formatos, texturas, tamanhos, finalidades. Uma barbaridade.
Como se não bastasse o lixo, algas escuras se prendem nos detritos sobre a praia, formando um esquisito encaracolado que se enrosca no pé do cidadão ao caminhar. Ou no pescoço do fulano, caso ele se arrisque a dar um pulo nas ondas do mar. Dá até dó dos teimosos pescadores, que não se cansam de limpar suas redes e anzóis dessa gosma mal cheirosa que turva a natureza.
Eutrofização. Assim os cientistas denominam tal fenômeno. Potássio, fósforo, nitrogênio, enxofre: os elementos químicos presentes em detergentes, restos de alimentos, óleo de cozinha, na urina e nas fezes humanas, nos fertilizantes agrícolas, formam um caldo de cultura favorável ao crescimento dos organismos aquáticos. A poluição, guardado limites, serve como adubo para as algas marinhas.
Os oceanos, em todo o mundo, se emporcalham de sujeira e se contaminam com a poluição. Afora os desastres com navios petroleiros - 4,5 milhões de toneladas de petróleo vazam por ano alhures – verdadeiras “zonas mortas” estão se constituindo distantes da costa, acumulando detritos. Elas se formam devido ao movimento circular das correntes marinhas. Parte do lixo se deposita no fundo do mar. O restante flutua ao sabor dos giros oceânicos.
As primeiras "zonas mortas" foram descobertas na década de 1970, na costa Leste dos EUA e nos fiordes escandinavos. Hoje já se contam cerca 200 dessas áreas hipóxicas, quer dizer, com reduzido oxigênio, tenebrosamente espalhadas por todos os continentes. A proliferação exagerada de algas nesses sujos locais consome o oxigênio e ameaça o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
A poluição dos oceanos recebeu destaque recente na mídia, devido à grande mancha de lixo formada no Pacífico, a dois mil quilômetros do litoral do Havaí, no sentido da Califórnia. Trata-se do maior depósito marinho de entulhos que se conhece. Estima-se que o volume de garrafas, plásticos, redes de pesca, roupas, entre outros, alcance 3 milhões de toneladas nessa grande mancha. Algo como 500 mil caminhões carregados de lixo boiando na água. Horror da civilização.
Mar Morto. Ensina-se desde a escola fundamental que os peixes não sobrevivem naquele estranho mar do Oriente Médio. Alimentado pelas águas do bíblico rio Jordão, a elevada salinidade - dez vezes superior ao nível normal dos oceanos - impede ali a vida. Sua agonia aumenta, já que nos últimos 50 anos consta ter ele perdido um terço de sua superfície, secando sua maré. Um desastre ecológico irreversível no berço do cristianismo.
As “zonas mortas” dos oceanos, porém, podem ser combatidas e evitadas. Basta estancar a sujeira que nele se deposita. A começar pela limpeza das praias. O serviço de limpeza urbana das cidades litorâneas do Brasil deixa a desejar. Não é caro, nem difícil manter limpas as praias. Trata-se de querer fazer, priorizar. Mas a administração pública apenas agora começa a prestar a devida atenção na agenda ambiental. E a maioria da população, ainda sofrida com as durezas do cotidiano, mal conhece a crise ecológica. Falta, assim, decisão política a favor da preservação da natureza.
O poder público municipal, a quem cabe a tarefa da limpeza urbana e do tratamento dos esgotos domésticos, costuma empurrar com a barriga a solução dos antigos problemas ambientais. As notícias, todavia, como essas da morte dos mares, tornam-se assustadoras. Já não bastavam os vergonhosos lixões a céu aberto do interior, agora são os oceanos que se entopem dessa fétida mistura de lixo e alga. Vida e morte.
O pessoal da cidade grande, com certo preconceito, julga os agricultores caipiras. Pode ser uma vantagem. Lá na fazenda, porém, o contato direto com a natureza permite uma tomada de consciência mais rápida sobre o drama ecológico que afeta o mundo. E nessa matéria do lixo, o campo tem uma lição a ensinar.
Também na roça se acumulavam montanhas de embalagens, só que de agrotóxicos. Ninguém sabia o que fazer com tais perigosos vasilhames, frascos e galões, de vidro ou com duros plásticos, coloridos conforme o marketing das empresas que vendem todo tipo de veneno agrícola. Há cerca de 15 anos, todavia, com a concordância de todo o setor agrícola, surgiu a solução.
Hoje o Brasil é líder mundial (acima de 90%) no recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos. A lei estabelece: quem vende se obriga a receber de volta o resíduo gerado. As empresas e as cooperativas organizaram esquemas com logística adequada. Os agricultores foram conscientizados. Demorou um pouco, mas funcionou uma maravilha.
Dá vontade de convidar uns caipiras para ajudar a salvar da agonia os oceanos.
O artigo publicado hoje, terça-feira, 24 de fevereiro, em minha coluna no jornal O Estado de S. Paulo, intitula-se "MAR MORTO". Caso não disponha do jornal, o artigo encontra-se abaixo. A relação completa das publicações pode ser encontrada em www.agrobrasil.agr.br.
Passada a ressaca do carnaval, terminam pra valer as férias. Milhões de brasileiros se deliciaram com as belezas do litoral. A areia da praia se acalmará. O mar, tristemente, estará mais poluído.
Embalagens, sacos plásticos, garrafas, fraldas descartáveis, camisinhas, tudo quanto é porcaria da civilização tende, desgraçadamente, a rumar para o oceano. Os dejetos chegam nadando nas águas da chuva e dos rios, eles próprios quase sempre enegrecidos e mal cheirosos. Basta conferir algumas capitais brasileiras situadas na orla.
Quem viajou ao Nordeste ultimamente pode testemunhar a tragédia crescente da poluição marítima. Em Maceió, por exemplo, a bela praia de Jatiúca sofre com a feia agressão ambiental. Turistas, muitos deles estrangeiros, se arrependem de deixar as piscinas do hotel para caminhar na areia salgada. Seus passos trombam com pedaços de boneca, tubos de pasta de dente, potes de macarrão barato e, sempre, muitos materiais plásticos, de todas as cores, formatos, texturas, tamanhos, finalidades. Uma barbaridade.
Como se não bastasse o lixo, algas escuras se prendem nos detritos sobre a praia, formando um esquisito encaracolado que se enrosca no pé do cidadão ao caminhar. Ou no pescoço do fulano, caso ele se arrisque a dar um pulo nas ondas do mar. Dá até dó dos teimosos pescadores, que não se cansam de limpar suas redes e anzóis dessa gosma mal cheirosa que turva a natureza.
Eutrofização. Assim os cientistas denominam tal fenômeno. Potássio, fósforo, nitrogênio, enxofre: os elementos químicos presentes em detergentes, restos de alimentos, óleo de cozinha, na urina e nas fezes humanas, nos fertilizantes agrícolas, formam um caldo de cultura favorável ao crescimento dos organismos aquáticos. A poluição, guardado limites, serve como adubo para as algas marinhas.
Os oceanos, em todo o mundo, se emporcalham de sujeira e se contaminam com a poluição. Afora os desastres com navios petroleiros - 4,5 milhões de toneladas de petróleo vazam por ano alhures – verdadeiras “zonas mortas” estão se constituindo distantes da costa, acumulando detritos. Elas se formam devido ao movimento circular das correntes marinhas. Parte do lixo se deposita no fundo do mar. O restante flutua ao sabor dos giros oceânicos.
As primeiras "zonas mortas" foram descobertas na década de 1970, na costa Leste dos EUA e nos fiordes escandinavos. Hoje já se contam cerca 200 dessas áreas hipóxicas, quer dizer, com reduzido oxigênio, tenebrosamente espalhadas por todos os continentes. A proliferação exagerada de algas nesses sujos locais consome o oxigênio e ameaça o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
A poluição dos oceanos recebeu destaque recente na mídia, devido à grande mancha de lixo formada no Pacífico, a dois mil quilômetros do litoral do Havaí, no sentido da Califórnia. Trata-se do maior depósito marinho de entulhos que se conhece. Estima-se que o volume de garrafas, plásticos, redes de pesca, roupas, entre outros, alcance 3 milhões de toneladas nessa grande mancha. Algo como 500 mil caminhões carregados de lixo boiando na água. Horror da civilização.
Mar Morto. Ensina-se desde a escola fundamental que os peixes não sobrevivem naquele estranho mar do Oriente Médio. Alimentado pelas águas do bíblico rio Jordão, a elevada salinidade - dez vezes superior ao nível normal dos oceanos - impede ali a vida. Sua agonia aumenta, já que nos últimos 50 anos consta ter ele perdido um terço de sua superfície, secando sua maré. Um desastre ecológico irreversível no berço do cristianismo.
As “zonas mortas” dos oceanos, porém, podem ser combatidas e evitadas. Basta estancar a sujeira que nele se deposita. A começar pela limpeza das praias. O serviço de limpeza urbana das cidades litorâneas do Brasil deixa a desejar. Não é caro, nem difícil manter limpas as praias. Trata-se de querer fazer, priorizar. Mas a administração pública apenas agora começa a prestar a devida atenção na agenda ambiental. E a maioria da população, ainda sofrida com as durezas do cotidiano, mal conhece a crise ecológica. Falta, assim, decisão política a favor da preservação da natureza.
O poder público municipal, a quem cabe a tarefa da limpeza urbana e do tratamento dos esgotos domésticos, costuma empurrar com a barriga a solução dos antigos problemas ambientais. As notícias, todavia, como essas da morte dos mares, tornam-se assustadoras. Já não bastavam os vergonhosos lixões a céu aberto do interior, agora são os oceanos que se entopem dessa fétida mistura de lixo e alga. Vida e morte.
O pessoal da cidade grande, com certo preconceito, julga os agricultores caipiras. Pode ser uma vantagem. Lá na fazenda, porém, o contato direto com a natureza permite uma tomada de consciência mais rápida sobre o drama ecológico que afeta o mundo. E nessa matéria do lixo, o campo tem uma lição a ensinar.
Também na roça se acumulavam montanhas de embalagens, só que de agrotóxicos. Ninguém sabia o que fazer com tais perigosos vasilhames, frascos e galões, de vidro ou com duros plásticos, coloridos conforme o marketing das empresas que vendem todo tipo de veneno agrícola. Há cerca de 15 anos, todavia, com a concordância de todo o setor agrícola, surgiu a solução.
Hoje o Brasil é líder mundial (acima de 90%) no recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos. A lei estabelece: quem vende se obriga a receber de volta o resíduo gerado. As empresas e as cooperativas organizaram esquemas com logística adequada. Os agricultores foram conscientizados. Demorou um pouco, mas funcionou uma maravilha.
Dá vontade de convidar uns caipiras para ajudar a salvar da agonia os oceanos.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Tem casa caindo de monte... SP/Zona Sul, agora são 11! Sim, onze... Vale do Ribeira em conexão com PR... putz, será que a Corregedoria vai dá conta?
Alô, alô, zona sul! aqui é o bonde dos decapitados!!! Zona Sul/são 11!
E agora uma pequena dúvida: será que esse sujeito da Harley tem algo em comum com aquela gentalha sórdida lá de Taubaté? sim, aqueles "agentes da autoridade pública" que são chamados (ainda) de juízes e promotores de (in)justiça? é... aqueles mesmo! que bom que alguém sempre se lembra: tem até notícia nesse blog sobre o promotorzinho envolvido com o crime organizado do Vale do Ribeira... será que é só ele? hum... não é só ele, não!
28/5/2008 15h 16mPromotor de Justiça de Taubaté é investigado por envolvimento em lavagem de dinheiro.Foi acatado pelo Procurador Geral de Justiça o pedido de afastamento do promotor de Taubaté, Luiz Marcelo Negrini de Mattos. Ele colocou o cargo no Grupo de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), à disposição depois da divulgação de uma denúncia de que ele teria negociado carros de traficantes. “Foi uma conversa que eu mantive com a promotoria e num acordo, nós chegamos à conclusão que para a instituição mostrar uma transparência na sua administração e na minha situação, como eu não devo nada, então eu optei por colocar meu cargo à disposição do procurador”, explica o promotor de justiça Luiz Marcelo Negrini.
E agora, começou a caidêra geral... liberô geral... é carnaval, é carnaval... a casa tá caíno-grandão!
E como é que fica a grana pra continuação da mansão? ou continuações das mansões?
É... vamos aguardar, mas tem mais.
Taboão da Serra? presente!
Embu das Artes? presente!
Itapecerica da Serra? presente!
Taubaté? presente!
Jacareí? presente!
São José dos Campos? presente!
Polícia investiga negócio de carros de suposto traficante
04 de fevereiro de 2009 • 18h05 • atualizado às 18h34
Suspeito esconde o rosto durante entrevista coletiva
Raphael Falavigna/Terra
Hermano Freitas
Direto de São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo disse que Charles Robert Dezero, 33 anos, suspeito de ser um dos maiores traficantes do País e preso ontem no Paraná, tinha um negócio autônomo de veículos importados. Segundo o delegado do Setor de Inteligência do Denarc, Wuppslander Ferreira Neto, os carros apreendidos com ele serão periciados para apurar se serviriam para o transporte de drogas. A polícia também vai investigar se o negócio tinha como objetivo lavar o dinheiro do tráfico.
"Dificilmente esse tipo de carro é revistado, por causa dos assessórios de difícil acesso", disse Ferreira Neto. O suspeito foi preso ontem em sua casa, no bairro de Bigarrilho, em Curitiba. Dezero não ofereceu resistência e a polícia não encontrou nem drogas nem armas com ele.
Com o suspeito, foram apreendidos um carro Mini Cooper, uma caminhonete Rav 4 da Toyota, uma Land Rover blindada e uma Harley-Davidson 1200 cilindradas.
Dezero tinha prisão preventiva decretada desde 2006 em São Roque, no interior de São Paulo. O suspeito também tinha passagem por tráfico no Rio de Janeiro e a polícia investiga sua atuação em outros Estados. Entre 2006 e 2007, a Operação Mansão prendeu cinco supostos integrantes da quadrilha que Dezero seria integrante e outros dois morreram.
Uma das principais características da atuação do suspeito era sua discrição. De acordo com o titular de Inteligência, Rubens Barazal, Dezero raramente usava o telefone e seu envolvimento com drogas era desconhecido até pela mulher com quem vivia. "Para ela, ele era um comerciante como outro qualquer", disse o delegado Ferreira Neto. Ainda de acordo com o Denarc, a presença de Dezero no Paraná tinha como objetivo se esconder da Justiça. O casal raramente saía, não tinha amigos e recebia apenas a família.
O suspeito fazia viagens periódicas a São Paulo e a polícia investiga se, durante o ano em que passou entre o Paraná e São Paulo, manteve sua atuação como gerente da quadrilha.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Estragos de um presidente ignorante
As consequências de um presidente ignorante exercer o supremo comando de uma nação por dois mandatos consecutivos - ou pelo longo período de oito anos - são, realmente, catastróficas. Entenda-se, porém, que nem sempre o volume dessa "herança de desinformação social" - forma como poderíamos designar o acervo geral de desentendimentos governamentais - é corretamente avaliado, seja quanto a sua intensidade ou durabilidade. Ou seja, nem sempre os efeitos dos atos ou omissões de um chefe de Estado e governo ignorante são perceptíveis de imediato - mas podem se estender por gerações. Às vezes só se vai descobrir depois a total falta de noção, de um governante, de como é o mundo e como agem ou interagem suas forças. E quando se descobre isso o tremendo estrago já pode ter sido feito - e custa uma enormidade consertá-lo. Pior é quando essa incompreensão de um chefe de Estado e governo leva a ações desastradas, no relacionamento com outros países, a ponto de causar um grave comprometimento da imagem externa do país, desfazendo um capital acumulado de valores - morais e institucionais.É que a falta de conhecimento básico, geralmente acoplada a crenças rudimentares, faz com que governantes se tornem verdadeiras esponjas, prontas a absorver, indiscriminadamente, os pleitos dos lobbies de todos os gêneros. Então as decisões ou não-decisões governamentais derivam de pressões descontroladas de grupos de interesse de múltipla espécie, dada a inexistência de um filtro intelectual, provido da necessária massa crítica, que possa selecionar o que, de fato, seja a favor ou contra o verdadeiro interesse da coletividade. A bem da verdade, nada melhor para os defensores de determinados interesses - sejam legítimos ou escusos, representem vantagens pecuniárias ou apenas reproduzam preconceitos ideológicos - do que o vazio intelectual daquele que ocupa o mais elevado posto decisório de uma nação. Pois é, justamente, a vacuidade mental de conhecimento e cultura que dá ensejo à atração de ideias discutíveis ou inviáveis para a sociedade - embora palatáveis, quando não rentáveis, para determinados grupos.No chefe de Estado e governo ignorante processa-se um tipo de "absorção aleatória" de influências, pelo que passa ele a conduzir-se - e, mais importante, decidir - com base no que lhe é "soprado ao ouvido". Às informações que lhe chegam à parte decisória do cérebro, tanto de forma desorganizada e espontânea quanto minuciosamente calculada, por parte de seus interlocutores - movidos estes por claros objetivos -, o governante desprovido de aparato gnoseológico pode reagir de uma forma ou de outra, conforme as circunstâncias, o momento psicológico em que esteja, o clima afetivo que viva, tudo isso apartado de uma análise racional que só o discernimento com base no real conhecimento é capaz de realizar. Em outros termos, o estado de vacuidade de informações - de um presidente ignorante - em relação à configuração do mundo e às características dos povos, ao acervo científico-tecnológico, cultural e tudo o mais que indique o estágio atingido pelo nível do conhecimento humano lhe cria receptáculos mentais escancarados, sem qualquer filtro seletivo, às influências de terceiros - que não dizem respeito aos interesses reais da sociedade. Antes pelo contrário.A memória histórica aponta o anseio que sempre tiveram as sociedades de escolher, para a condução da coisa pública, os melhores e mais capazes de fazê-lo. A ruptura do processo hereditário, pela via das ideias republicanas, vai, justamente, nesse sentido, pelo menos desde que Platão, em seu A República - escrito entre 380 e 370 a.C. -, propôs o governo dos mais sábios e instruídos, pois estes, ao mesmo tempo que seriam menos "apressados em chegar ao poder", teriam melhores condições de distinguir o visível do inteligível, a imagem da realidade, o falso do verdadeiro. Assim, estes é que deveriam ser chamados para a regência suprema da sociedade, pois sua presença impediria as sedições e as intermináveis lutas civis internas travadas entre políticos ambiciosos.A democracia moderna, cujo melhor modelo - goste-se ou não - ainda é o da sociedade que há 222 anos elaborou uma Constituição e chegou ao 44º presidente da República sem qualquer golpe de Estado, regime de exceção, sistema autoritário ou interrupção do processo democrático - mesmo tendo passado por uma guerra civil violenta -, sem dúvida, teve como esteio pessoas altissimamente qualificadas, como George Washington, Thomas Jefferson, James Madison, Abraham Lincoln, Franklin Roosevelt, John Kennedy e tantos mais.É na escolha dos mais capazes para governá-las, quaisquer que tenham sido suas origens, mas que tenham revelado um esforço denodado pelo próprio aprendizado, que as sociedades se alicerçam, no decorrer de sua história, na valorização do mérito de todos e de cada um de seus cidadãos. É na eleição democrática daqueles que atingiram, além do talento da liderança, um nível de conhecimento pelo menos bem acima do da média da população que as sociedades adquirem condições de evoluir, politicamente, na direção de uma democracia plenamente desenvolvida. É por tudo isso, enfim, que, em razão da múltipla e profunda ignorância de seu presidente anterior, a exemplar democracia norte-americana vai ter de se esforçar muito, juntamente com seu novo presidente, para recuperar-se do tremendo estrago feito em sua imagem no mundo. Mauro Chaves é jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas e pintor.
E-mail: mauro.chaves@attglobal.net
E-mail: mauro.chaves@attglobal.net
Assinar:
Postagens (Atom)
Arquivo do blog
- junho (1)
- maio (2)
- abril (1)
- março (2)
- fevereiro (1)
- janeiro (1)
- dezembro (1)
- novembro (1)
- outubro (1)
- setembro (5)
- agosto (1)
- julho (3)
- junho (2)
- abril (1)
- março (3)
- fevereiro (2)
- janeiro (8)
- dezembro (6)
- novembro (3)
- outubro (3)
- setembro (3)
- agosto (7)
- julho (1)
- junho (3)
- março (5)
- fevereiro (3)
- janeiro (2)
- dezembro (2)
- novembro (2)
- outubro (4)
- setembro (3)
- agosto (3)
- julho (1)
- junho (1)
- maio (1)
- abril (3)
- março (7)
- fevereiro (2)
- janeiro (3)
- dezembro (3)
- novembro (4)
- setembro (1)
- abril (3)
- março (5)
- fevereiro (6)
- janeiro (3)
- dezembro (8)
- novembro (1)
- outubro (15)
- setembro (18)
- agosto (29)
- julho (17)
- junho (17)
- maio (3)
- abril (20)
- março (12)
- fevereiro (13)
- janeiro (6)
- dezembro (1)
- novembro (6)
- setembro (4)
- maio (8)
- março (4)
- fevereiro (4)
- janeiro (9)
- dezembro (1)
- novembro (6)
- outubro (26)
- setembro (30)
- agosto (24)
- julho (5)
- maio (10)
- abril (20)
- março (1)
- fevereiro (4)
- janeiro (17)
- dezembro (24)
- novembro (42)
- outubro (18)
- setembro (7)
- julho (3)
- março (1)