sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VERGONHA NACIONAL: PASTORES DE SATANÁS!

Amós, capítulo 5, verso 24:


Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.



Sempre que a criatura se afasta do Criador, sofre os efeitos dessa separação, entre eles o engano e a infelicidade. 

Isto acontece em qualquer parte do planeta, envolvendo pessoas religiosas ou não, que se dedicam a cultivar a fé ou simplesmente esquecidas desse importante componente do equilíbrio humano existente entre corpo, mente e espírito.

No passado recente da história do Brasil, aqueles que lutavam por melhores condições de vida, no afã de conquistar direitos que deveriam advir do "Jus Naturalis", pagaram alto e irreversível preço: foram presos, torturados, banidos e até perderam a vida. 

Alertando as criaturas desgarradas do bom ensino do Criador, surge uma figura simples, um boiadeiro de sua época, lidador de serviços pesados, daí seu nome: AMÓS, que apesar da pouca instrução era sábio, visionário e protegido pela força do Universo.

A mensagem que esse homem aparentemente tosco nos dá, sempre atual e oportuna, clama de forma pungente pela justiça social. 

O nosso presente está sempre interligado com o nosso passado, seja em termos pessoais ou coletivos e a partir do conhecimento e análise do HOJE, se pode planejar o AMANHÃ, não repetindo os erros de ONTEM.

Dos tempos imemoriais em que a mensagem foi escrita por um dos primeiros profetas que conheciam esse tipo de registro, já se reprovavam o escondimento de sentimentos nocivos, pondo neles uma embalagem agradável aos olhos.

Amós fala sob inspiração, sobre as motivações e  as atitudes reprováveis que animam o espírito humano, geralmente em busca de poder, mostrando as nocivas consequências desse proceder e acenando com a correção dessa equivocada rota que leva somente à destruição múltipla e sofrimento renovado, conclamando a criatura ao arrependimento sincero que deságua na mudança absoluta de panorama, com o apagamento das violações pelo Criador, ou aquilo que vulgarmente se chama de perdão.

Os graves problemas políticos do regime ditatorial em 64, agravaram o quadro de abismo social e econômico,  atirando na miséria moral e espiritual não apenas os que foram atingidos pelo regime de exceção, sendo torturados, presos e até mortos, mas seus familiares e amigos. Deixou marcas do seu tempo, não apenas no passado, mas no presente e para o futuro.

Afinal, o que se aprendeu?

Espera-se de estudiosos das sagradas escrituras, um comportamento coerente com os escritos bíblicos, nos quais dizem alimentar a fé. Porque se conhecem o que está escrito e praticam condutas contrárias ao ensino, são apenas hipócritas, ainda que escondidos detrás de rótulos de pompa e circunstância.

É o que se dá com os falsos pastores do rebanho divino, que manipularam a fé e as sagradas escrituras, fingindo trabalhar pela palavra de Deus, mas na verdade, se alistaram no exército de Satã.

Amós, no PASSADO, toca a trombeta se expondo em denunciar crimes de opressão e injustiça social das nações estrangeiras. Explícito, desfere ataques ousados contra a política externa que atinge seu país e explica que seu motor é a ganância de poder que cresce descontrolada por mais e mais poder, uma besta descontrolada. Ousado, expõe o ódio com que as nações inimigas destrói os mais fracos, covardemente aniquilando pela incessante opressão dos que não tem resistência. Quem serão estes seres, HOJE?

No PASSADO, a mensagem de Amós atingiu em cheio, qual bofetada, a cara dos soberbos senhores de terras e tesouros, conquistadores impiedosos. HOJE, seriam os ricos, a elite, a classe média, os governantes, o clero, os militares? ou todos juntos?

No AMANHÃ serão os empresários, corruptos e corruptores de mãos dadas, abençoados novamente pelo clero e apoiados por "forças de segurança" e (quem sabe?) dos juízes de todas as castas? Gente de dinheiro e/ou poder, ruralistas, invasores de terras indígenas, destruidores de florestas, garimpeiros ilegais, doleiros, jogadores inveterados da ciranda financeira, aquela putaria do mercado de capitais que nunca msotra o sangue escorrendo porque só circulam os colarinhos-brancos ou mais bem comportada expressão: operadores de mercado?

Simmmmmmmmmmm, são os endinheirados que nunca trabalharam um só dia nas suas mesquinhas vidas, que morrem sentadinhos numa cadeira igual o final de um dos filmes da saga "O Poderoso Chefão".

Loucos e alucinados na soberba, vaidade e arrogância desde as capitanias hereditárias, vivem de explorar os mais fracos, algumas vezes empurrando-os para guerras em que nunca desejaram estar, fazendo fugir as famílias que se desgarram pelo caminho e arrastam suas desgraças particulares para o resto de suas pobres vidas, amargando dolorosas memórias.

A mensagem milenar, fala também dos prazeres desregrados, geralmente usufruídos pela aristocracia que tem moeda pagante de corpos que são abusados, quase sempre os femininos e/ou infantis, desnudando a imundícia que se esconde atrás de semblantes acima de qualquer suspeita.

Escondem-se até de sí mesmos, tamanho horror que lhes deve assombrar a alma, mas não do seu Criador, que deixou irremovível dentro de cada um de nós a voz da consciência, que ecoa quando ouve outra voz: do seu próprio Criador.

Esse sujeito tão simples, pastoreando ovelhas e outras reses, era pouco instruído na “escola humana” e por sua contundente na transmissão das mensagens inspiradas, foi banido de sua terra.

As palavras de Amós para Israel no PASSADO soam perfeitas ao PRESENTE em todas as sociedades?

Nos dias atuais os desfavorecidos, especialmente os que se tornaram alvo de sistemas injustos juridicamente que tiram tudo do oprimido (até mesmo a vida), somente pela ousadia de contestar os absurdos, tem alguma chance de sobrevivência ou de atendimento espiritual?

A julgar pelo PASSADO, aqui no Brasil, onde os religiosos dedicaram "jejum e oração" - práticas sagradas que foram conspurcadas de forma cruel e sarcástica - aos torturadores e matadores de seus próprios compatriotas, é possível concluir que não. 

E o amanhã?

Depende de cada um de nós. Olhemos o PASSADO, corrigindo o PRESENTE, ainda parece ser possível um AMANHÃ menos hipócrita, menos nocivo e mentiroso.

Impossível que a hipocrisia dê bons frutos.

Os construtores do muro a prumo, na visão de Amós, não podem jamais, ser os ébrios da vaidade, os mendigos morais e os baderneiros de toda sorte, roubadores do pobre, da viúva e do órfão.

Somente quando respeitarmos a essência divina no humano, atentos às prescrições universais será possível esperar o milagre do abraço entre a Justiça e a Paz. 

Ainda que nosso reclamo seja por laicidade, é possível se chegar à mesma conclusão, bastando diferenciar o que é verdade e o que é mentira e os exemplos que o Blog cita, são os que não devemos seguir jamais!



Histórias pouco conhecidas: os envagélicos e a ditadura militar no Brasil
No primeiro dia foram oito horas de torturas patrocinadas por sete militares. Pau de arara, choque elétrico, cadeira do dragão e insultos, na tentativa de lhe quebrar a resistência física e moral. “Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços... Eu dizia: ‘Não posso fazer isso.’ Como eu poderia trazê-los para passar pelo que eu estava passando?” Foram mais de 20 dias de torturas a partir de 28 de fevereiro de 1970, nos porões do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. O estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) Anivaldo Pereira Padilha, da Igreja Metodista do bairro da Luz, tinha 29 anos quando foi preso pelo temido órgão do Exército. Lá chegou a pensar em suicídio, com medo de trair os companheiros de igreja que comungavam de sua sede por justiça social. Mas o mineiro acredita piamente que conseguiu manter o silêncio, apesar das atrocidades que sofreu no corpo franzino, por causa da fé. A mesma crença que o manteve calado e o conduziu, depois de dez meses preso, para um exílio de 13 anos em países como Uruguai, Suíça e Estados Unidos levou vários evangélicos a colaborar com a máquina repressora da ditadura. Delatando irmãos de igreja, promovendo eventos em favor dos militares e até torturando. Os primeiros eram ecumênicos e promoviam ações sociais e os segundos eram herméticos e lutavam contra a ameaça comunista. Padilha foi um entre muitos que tombaram pelas mãos de religiosos protestantes.








O metodista só descobriu quem foram seus delatores há cinco anos, quando teve acesso a documentos do antigo Sistema Nacional de Informações: os irmãos José Sucasas Jr. e Isaías Fernandes Sucasas, pastor e bispo da Igreja Metodista, já falecidos, aos quais era subordinado em São Paulo. “Eu acreditava ser impossível que alguém que se dedica a ser padre ou pastor, cuja função é proteger suas ovelhas, pudesse dedurar alguém”, diz Padilha, que não chegou a se surpreender com a descoberta. “Seis meses antes de ser preso, achei na mesa do pastor José Sucasas uma carteirinha de informante do Dops”, afirma o altivo senhor de 71 anos, quatro filhos, entre eles Alexandre, atual ministro da Saúde da Presidência de Dilma Rousseff, que ele só conheceu aos 8 anos de idade. Padilha teve de deixar o País quando sua então mulher estava grávida do ministro. Grande parte dessa história será revolvida a partir da terça-feira 14, quando, na Procuradoria Regional da República, em São Paulo, acontecerá a repatriação das cópias do material do projeto Brasil: Nunca Mais. Maior registro histórico sobre a repressão e a tortura na ditadura militar. o material, nos anos 80, foi enviado para o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), organização ecumênica com sede em Genebra, na Suíça, e para o Center for Research Libraries, em Chicago (EUA), como precaução, caso os documentos que serviam de base do trabalho realizado no Brasil caíssem nas mãos dos militares. De Chicago, virá um milhão de páginas microfilmadas referentes a depoimentos de presos nas auditorias militares, nomes de torturadores e tipos de tortura. A cereja do bolo, porém, chegará de Genebra – um material inédito composto por dez mil páginas com troca de correspondências entre o reverendo presbiteriano Jaime Wright (1927 – 1999) e o cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, que estavam à frente do Brasil: Nunca Mais, e as conversas que eles mantinham com o CMI.
Somente em 1968, quatro anos após a ascensão dos militares ao poder, o catolicismo começou a se distanciar daquele papel que tradicionalmente lhe cabia na legitimação da ordem político-econômica estabelecida. Foi aí, quando no Brasil religiosos dominicanos como Frei Betto passaram a ser perseguidos, que a Igreja assumiu posturas contrárias às ditaduras na maioria dos países latino-americanos. Os protestantes, por sua vez, antes mesmo de 1964, viveram uma espécie de golpe endógeno em suas denominações, perseguindo a juventude que caminhava na contramão da ortodoxia teológica.

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Em novembro de 1963, quatro meses antes de o marechal Humberto Castelo Branco assumir a Presidência, o líder batista carismático Enéas Tognini convocou milhares de evangélicos para um dia nacional de oração e jejum, para que Deus salvasse o País do perigo comunista. Aos 97 anos, o pastor Tognini segue acreditando que Deus, além de brasileiro, se tornou um anticomunista simpático ao movimento militar golpista. “Não me arrependo (de ter se alinhado ao discurso dos militares). Eles fizeram um bom trabalho, salvaram a Pátria do comunismo”, diz.
Assim, foi no exercício de sua fé que os evangélicos – que colaboraram ou foram perseguidos pelo regime – entraram na alça de mira dos militares (leia a movimentação histórica dos protestantes à pág. 80). Enquanto líderes conservadores propagavam o discurso da Guerra Fria em torno do medo do comunismo nos templos e recrutavam formadores de opinião, jovens batistas, metodistas e presbiterianos, principalmente, com ideias liberais eram interrogados, presos, torturados e mortos. “Fui expulso, com mais oito colegas, do Seminário Presbiteriano de Campinas, em 1962, porque o nosso discurso teológico de salvação das almas passava pela ética e a preocupação social”, diz o mineiro Zwinglio Mota Dias, 70 anos, pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, da Penha, no Rio de Janeiro. Antigo membro do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), que promovia reuniões para, entre outras ações, trocar informações sobre os companheiros que estavam sendo perseguidos, ele passou quase um mês preso no Doi-Codi carioca, em 1971. “Levei um pescoção, me ameaçavam mostrando gente torturada e davam choques em pessoas na minha frente”, conta o irmão do também presbiteriano Ivan Mota, preso e desaparecido desde 1971. Hoje professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Dias lembra que, enquanto estava no Doi-Codi, militares enviaram observadores para a sua igreja, para analisar o comportamento dos fiéis.
Segundo Rubem Cesar Fernandes, 68 anos, antropólogo de origem presbiteriana, preso em 1962, antes do golpe, por participar de movimentos estudantis, os evangélicos carregam uma mancha em sua história por convidar a repressão a entrar na Igreja e perseguir os fiéis. “Os católicos não fizeram isso. Não é justificável usar o poder militar para prender irmãos”, diz ele, considerado “elemento perigoso” no templo que frequentava em Niterói (RJ). “Pastores fizeram uma lista com 40 nomes e entregaram aos militares. Um almirante que vivia na igreja achava que tinha o dever de me prender. Não me encontrou porque eu estava escondido e, depois, fui para o exílio”, conta o hoje diretor da ONG Viva Rio.
O protestantismo histórico no Brasil também registra um alto grau de envolvimento de suas lideranças com a repressão. Em sua tese de pós-graduação, defendida na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Daniel Augusto Schmidt teve acesso ao diário do irmão de José, um dos delatores de Anivaldo Padilha, o bispo Isaías. Na folha relativa a 25 de março de 1969, o líder metodista escreveu: “Eu e o reverendo Sucasas fomos até o quartel do Dops. Conseguimos o que queríamos, de maneira que recebemos o documento que nos habilita aos serviços secretos dessa organização nacional da alta polícia do Brasil.” Dono de uma empresa de consultoria em Porto Alegre, Isaías Sucasas Jr., 69 anos, desconhecia a história da prisão de Padilha e não acredita que seu pai fora informante do Dops. “Como o papai iria mentir se o cara fosse comunista? Isso não é delatar, mas uma resposta correta a uma pergunta feita a ele por autoridades”, diz. “Nunca o papai iria dedar um membro da igreja, se soubesse que havia essas coisas (torturas).” Em 28 de agosto de 1969, um exemplar da primeira edição do jornal “Unidade III”, editado pelo pai do ministro da Saúde, foi encaminhado ao Dops. Na primeira página, há uma anotação: “É preciso ‘apertar’ os jovens que respondem por este jornal e exigir a documentação de seu registro porque é de âmbito nacional e subversivo.” Sobrinho do pastor José, o advogado José Sucasas Hubaix, que mora em Além Paraíba (MG), conta que defendeu muitos perseguidos políticos durante a ditadura e não sabia que o tio havia delatado um metodista. “Estou decepcionado. Sabia que alguns evangélicos não faziam oposição aos militares, mas daí a entregar um irmão de fé é uma grande diferença.”
Nenhum religioso, porém, parece superar a obediência canina ao regime militar do pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o “Novo Testamento”. O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. “De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma “Bíblia” para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém.” O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.” Segundo o professor Maurício Nacib Pontuschka, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, seu tio, o pastor-torturador, está vivo, mas os dois não têm contato. O sobrinho também não tinha conhecimento das histórias escabrosas do parente. “É assustador. Abomino tortura, vai contra tudo o que ensino no dia a dia”, afirma. “É triste ficar sabendo que um familiar fez coisas horríveis como essa.”
Professor de sociologia da religião na Umesp, Campos, 64 anos, tem uma marca de queimadura no polegar e no indicador da mão esquerda produzida por descargas elétricas. “Enrolavam fios na nossa mão e descarregavam eletricidade”, conta. Uma carta escrita por ele a um amigo, na qual relata a sua participação em movimentos estudantis, o levou à prisão. “Fui acordado à 1h por uma metralhadora encostada na barriga.” Solto por falta de provas, foi tachado de subversivo e perdeu o emprego em um banco. A assistente social e professora aposentada Tomiko Born, 79 anos, ligada a movimentos estudantis cristãos, também acredita que pode ter sido demitida por conta de sua ideologia. Em meados dos anos 60, Tomiko, que pertencia à Igreja Evangélica Holiness do Brasil, fundada pelo pai dela e outros imigrantes japoneses, participou de algumas reuniões ecumênicas no Exterior. Em 1970, de volta ao Brasil, foi acusada de pertencer a movimentos subversivos internacionais pelo presidente da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, onde trabalhava. Não foi presa, mas conviveu com o fantasma do aparelho repressor. “Meu pesadelo era que o meu nome estivesse no caderninho de endereço de alguma pessoa presa”, conta.
Parte da história desses cristãos aterrissará no Brasil na terça-feira 14, emaranhada no mais de um milhão de páginas do Projeto Brasil: Nunca Mais repatriadas pelo Conselho Mundial de Igrejas. Não que algum deles tenha conseguido esquecer, durante um dia sequer, aqueles anos tão intensos, de picos de utopia e desespero, sustentados pela fé que muitos ainda nutrem. Para seguir em frente, Anivaldo Padilha trilhou o caminho do perdão – tanto dos delatores quanto dos torturadores. Em 1983, ele encontrou um de seus torturadores em um baile de Carnaval. “Você quis me matar, seu f.d.p., mas eu estou vivo aqui”, pensou, antes de virar as costas. Enquanto o mineiro, que colabora com uma entidade ecumênica focada na defesa de direitos, cutuca suas memórias, uma lágrima desce do lado direito de seu rosto e, depois de enxuta, dá vez para outra, no esquerdo. Um choro tão contido e vívido quanto suas lembranças e sua dor.

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