sábado, 30 de julho de 2011

achaques de policiais a criminosos paulistas foram fundamentais para ataques promovidos por facção criminosa que atua dentro dos presídios paulistas, em maio de 2006

09/05/2011 09h37 - Atualizado em 09/05/2011 18h25
ONG diz que achaque de policiais causou ataques de facção em SP
Policiais teriam sequestrado enteado de chefe de facção, diz estudo.
Entidades querem que CPI seja criada para investigar mortes.
Do G1 SP, com informações da Agência Estado

imprimir Pesquisa feita pelo ONG Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard aponta que . A conclusão está no relatório intitulado "São Paulo sob Achaque: Corrupção, Crime Organizado e Violência Institucional em Maio de 2006". As pesquisas começaram a ser feitas em outubro de 2006 por 24 pesquisadores da ONG, que teve apoio de outras entidades.

Segundo o estudo, em março de 2005, um ano antes da rebelião em 74 presídios e dos ataques promovidos em todo o estado, Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marcos William Camacho, o Marcola, chefe da facção, foi sequestrado por policiais civis de Suzano, na Grande São Paulo. Ele só foi solto depois que Marcola pagou o resgate de R$ 300 mil. O chefe da facção ficou indignado com o achaque. No dia 12 de maio de 2006, véspera dos ataques, Marcola fez um comentário no Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic): "Não vai ficar barato."

Segundo a ONG, no inquérito feito pela Corregedoria da Polícia Civil, o delegado assistente Hamilton Antônio Gianfratti, depois de citar dados do sequestro, afirma que o crime ajudou a deflagrar a revolta da facção criminosa. "Aflora dos autos sérios indicativos direcionados à possibilidade deste fato erigir-se à causa deflagradora dos históricos e tristes episódios que traumatizaram o povo de São Paulo, traduzidos nos atentados em todo o estado."

Essa é a primeira tentativa de explicar o processo que levou aos ataques da facção criminosa, cinco anos depois do acontecimento histórico paulista, que ainda não teve nenhum relatório ou documento oficial para tentar descrever os fatos. "Assim como ocorreu em novembro nos ataques no Rio de Janeiro, a corrupção policial também teve papel importante nos ataques de maio de 2006 em São Paulo. Isso foi pouco discutido por aqui. Entender as causas do ocorrido é importante para saber o que precisa ser mudado", afirma um dos coordenadores da pesquisa, Fernando Delgado, da Clínica de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard.

Ainda segundo o relatório da ONG Justiça Global e da Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, entre as outras causas dos ataques promovidos em todo o estado de São Paulo em maio de 2006 estão a transferência de lideranças da facção criminosa para presídios de segurança máxima, a utilização do regime disciplinar diferenciado (RDD) em larga escala, tortura, superlotação e condições desumanas nos presídios paulistas.

“O estudo começou em outubro de 2006. Nosso objetivo era buscar as causas estruturais dos ataques e acompanharmos as respostas do estado quanto à elucidação das mortes e também em relação a políticas adotadas para superar essa situação”, disse Sandra Carvalho, diretora da ONG Justiça Global.

Segundo ela, o estudo aponta a corrupção policial como motivo central da série de ataques. “O que viu de mais concreto para superar a situação foi fazer com que a Corregedoria da Polícia Civil passasse a ficar subordinada ao gabinete do secretário de Segurança Pública. Hoje em dia, mais de 800 policiais civis são investigados. Por outro lado, o sistema prisional em São Paulo está ainda mais superlotado.”

Criação de CPI
As ONGs responsáveis pelo estudo querem agora que uma comissão parlamentar mista de inquérito seja criada no Congresso para apurar as mortes. O pedido para a criação da CPI será encaminhado à Câmara e ao Senado ainda esta semana, segundo Sandra. Os dados do relatório também serão enviados à Procuradoria Geral da República e à Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Em resposta à Agência Estado, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, afirmou que concorda que a corrupção policial era intensa naquela época e afirma que por esse motivo tem centrado seus esforços no combate ao problema. O atual secretário de Transporte e Logística, Saulo de Castro Abreu Filho, que era Secretário de Segurança durante os ataques, não quis comentar o tema.

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