sexta-feira, 31 de outubro de 2008

UNIÃO VAI DEFENDER TORTURADORES

União vai defender acusados de tortura

O Globo
Ricardo Galhardo
22/10/2008


Governo evoca Lei da Anistia ao contestar ação contra coronéis da reserva que chefiaram DOI/Codi nos anos 70

A União assumiu a defesa dos coronéis da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir dos Santos Maciel, alvos de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) pela tortura de presos políticos e a morte de pelo menos 64 deles entre 1970 e 1976, período em que comandaram o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi) do Exército.
Na prática, segundo fontes do Ministério Público, significa que o governo optou pela defesa dos acusados, quando poderia se manter neutro ou até mesmo se posicionar a favor das punições. Agora a União também é ré na ação.
Este ano, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, chegaram a se manifestaram a favor da punição aos torturadores, mas foram desautorizados pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que teria manifestado opinião do presidente Lula.
Na contestação de 44 páginas apresentada em 14 de outubro pela Advocacia Geral da União à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo, a advogada Lucila Garbelini e o procurador-regional da União em São Paulo, Gustavo Henrique Pinheiro Amorim, defendem a tese de que a Lei da Anistia de 1979 protege os coronéis: "A lei, anterior à Constituição de 1988, concedeu anistia a todos quantos, no período entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos (...). Assim, a vedação da concessão da anistia a crimes pela prática de tortura não poderá jamais retroagir".
A ação do Ministério Público contra Ustra e Maciel é a primeira a contestar a validade da Lei da Anistia para acusados de tortura. Na ação, os procuradores federais Marlon Weichert e Eugênia Fávero pedem que Ustra e Maciel restituam à União todo o dinheiro pago em indenizações a vítimas de tortura no DOI/Codi, principal centro de repressão política em São Paulo entre 1970 e 1976. No período, segundo dados das próprias Forças Armadas divulgados no livro "Direito à Memória e à Verdade", da Presidência da República, 6.897 pessoas passaram pelo DOI/Codi.

AGU sustenta que famílias podem não querer "reabrir feridas"
Na contestação, a Advocacia Geral da União cita a proteção à intimidade das vítimas de tortura como argumento para defender os ex-comandantes do DOI/Codi. "É necessário ao Estado preservar a intimidade de pessoas que não desejam "reabrir feridas", isto é, não gostariam que determinados fatos do período de exceção viessem a lume", afirmam os advogados.
Além de indenização, a ação do Ministério Público pede que a União forneça os nomes de todos os que passaram pelo local, a identificação dos torturados, a identidade dos mortos dentro do DOI/Codi ou em ações externas de seus agentes, as circunstâncias das mortes, o destino dos corpos, os nomes dos torturadores, a responsabilização pública de Ustra e Maciel e a perda das funções públicas eventualmente exercidas por ambos.
Maciel está morto. Em outras ações movidas por vítimas da repressão política das quais foi alvo, Ustra disse que apenas cumpria ordens.
Infelizmente, o Exército deu as costas ao oficial que um dia combateu a Peste Vermelha, evitando que o Brasil se transformasse numa Cuba continental. Não temos mais Exército Brasileiro, mas um bando comandando por generais babacas, subservientes, cretinos, que só se interessam em defender suas mesquinhas mordomias, como diárias de viagens pelo Brasil, carro funcional com motorista e os serviços de taifeiros, muitos dos quais são obrigados a lavar calcinhas de madames-quatro-estrelas, como denunciou um taifeiro da Aeronáutica.
No entanto, temos que confiar na Justiça, que certamente reverterá esse absurdo, de condenar um réu sem nenhum tipo de prova, a não ser a palavra de um comunista...

... Todo esse episódio envolvendo o coronel Ustra prova que existe um revanchismo sem fim no Brasil contra o Exército em geral e oficiais em particular. Tanto isso é verdade que a denúncia da família Teles só ocorreu mais de 30 anos depois dos fatos alegados. Por que só às vésperas do lançamento do livro "A Verdade Sufocada" é que esse episódio veio à tona? Ora, é prova cabal que tem o dedo dos terroristas por trás desta safadeza...

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