sexta-feira, 29 de abril de 2011

A IMPRENSA E A CAPTIVA DO CORONEL... QUÁQUÁQUÁ!

Francamente, ontem quando li a notícia sobre a compra da Captiva com o nosso suado dinheiro de impostos, tive uma onda de náusea não conseguindo identificar se pelo mau cheiro que um exala ou se pela frouxidão do outro que alaga tudo em volta... o que será que ele deve ao ponto de ficar assim na mão do pinto... devia era ter o pinto na mão, isso sim... e esse então, é tão menor que chega a ser patético bancar a cinderela quando todos sabem que ele está ABAIXO da graziela, a feia filha da madrasta... ô ajuntamente humano maldito... não vejo a hora de aplicarem um daqueles remédios que mata-tudo, de pulgas a carrapatos... quem sabe assim, cai essa badalheira toda... Sandra A Paulino e Silva
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Após denúncia, comandante suspende uso de carro de luxo
Publicado em 29/04/2011 - Destak Jornal SP

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, suspendeu o uso do veículo da marca Captiva, comprado pela corporação por R$ 92,9 mil, até que o governo do Estado avalie a real necessidade do automóvel. Alckmin aproveitou para elogiar o coronel e disse que a Secretaria de Segurança Pública vai estudar a questão. "Ele [Camilo] abriu mão hoje [do uso do carro] até que seja avaliada a questão de utilização do veículo oficial e o tipo de veículo utilizado", disse Alckmin.

O jornal O Estado de S. Paulo informou ontem que, em outubro do ano passado, a PM comprou, por R$ 2,8 milhões, um Captiva e 61 Vectras. O Captiva é para uso do comandante da corporação, e os Vectras, para os coronéis da PM.

A aquisição chamou a atenção, pois o Captiva é mais luxuoso do que os automóveis usados pelo governador de São Paulo, um Vectra e um Corolla. A legislação sobre o uso de veículos oficiais estabelece uma hierarquia - quanto mais alto o cargo, mais caro o automóvel que pode ser usado.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ZIRALDO E O RACISMO INEXISTENTE NO BRASIL

Ziraldo e os DIREITOS HUMANOS!

Grande Ziraldo, que decepção! eu deixei minha filhinha, quando criança, ler, não apenas o Menino Maluquinho, mas até a Professora ...

Agora, vi a capa da "obra" sobre Direitos Humanos ... Aquelas cabecinhas de cabelinho carapinha é só disfarce, né? é tudo igual a manobra que a "ad globo" costuma usar nos seus programas de baixo nível, para fingir aceitação de espécimes negróides em seus elencos, onde maxilares de Regina Duarte (aquela que afirmou TENHO MEDO!) não competem com o exótico de uma Camila Pitanga em seu esplendor de mestiça que é! o branco é mais puro, claro!


Ziraldo: antes de tudo um sujeito que se autodefine cristão como vc, deveria ser mais próximo da verdade, do que do sinédrio, onde grassa a hipocrisia dos fariseus.

Esse grande profissional de comunicação que vc é e que entre outros predicados, é ilustrador de livros da cristandade e também da famosa cartilha sobre renda cidadã, de autoria do Senador Eduardo Suplicy, JAMAIS deveria ser tosco na abordagem dessa dolorosa ferida nacional, que é o racismo. Yes, we have the racism! E o que é pior: a gente não assume, mas tem sim.

Ziraldo, cartunista destacado no cenário nacional e internacional, escritor, homem de letras, portanto... vc é conhecedor do que escreve e fala.

Por tudo isso vc sabe muitíssimo bem, que a raça pressupõe a diferença física, marcadamente pelas características hereditárias, em grupos humanos. Assim, não é a diferença de relacionamento cultural ou resposta social entre grupos distintos, o que gera a odiosa separação chamada "racismo", mas sim, a intolerância ao diferente, na essência mesma da expressão RAÇA, já que só existe uma: a humana!

Triste, por isso mesmo, é saber que sua melhor porção, a artística, deixou entrar o vírus da justificação do injustificável, do mesmo modo que recentemente o deputado Jair Bolsonaro fez. Dele, até se podia esperar a virulência costumeira, pelo fato de estar já carcomido pelo sistema que o criou, misturando no mesmo balaio cobras e lagartos como fez com a provocante Preta Gil. Mas ele deu do que tinha, isso não se pode negar e agora usa de modo recorrente, da imunidade parlamentar que se transforma não raramente em "impunidade paralamentar".

Claro, é certo que todos temos o direito de opinião, mas deve-se respeitar ao menos a coerência. Se vc Ziraldo, mesmo como pessoa pública, segundo seu direito de opinar, entende que não há racismo na conduta pública e REGISTRADA, de Monteiro Lobato, tudo bem! aliás, isso é sinal de que vc se esconde na mesma capa, contra a chuva do preconceito oculto, muito conveniente às aparências...

Dizer porém, que os escritos que nos chegam de quem foi o escritor da infância de muitos, MONTEIRO LOBATO, incomparável na criação do Sítio do Pica-Pau amarelo, NÃO É RACISMO, aí já é bem diferente: é negar o que é óbvio e dar na cara da sociedade brasileira, uma sonora bofetada!

E bater assim, de forma subreptícia, é bem ao gosto dos covardes, que depois de baterem, negam e ainda processam a vítima, para que fique bem claro que nada fizeram de condenável. É o sujeito que abusa do poder que tem (dê poder e conhecerá a criatura humana!) e depois, sempre covardemente, se esconde confortavelmente no anonimato que o próprio poder lhe confere, a fim de jamais ser molestado por seus crimes... manda recados anônimos através de seus asseclas, o que é realmente uma conduta repugnante a qualquer ser humano. 

Há seres humanos que são tão pequenos moralmente falando que só conseguem se expressar quando se levantam nas costas de suas vítimas, porque vermes não conseguem se mover de outro modo: é o revelar-se tão vil, tão mentiroso, tão obscuro, tão sujo, tão minúsculo que só se apresente com medalhas e "honrarias" de plástico, à guisa de carimbos oficiais a conferir um mínimo de suposta autenticidade a tanta mentira. 

A verdade, porém, embora tão sufocada, um dia surge, altaneira, "irremediável", incontestável e nessa hora, muitas vozes serão conclamadas a cantar: APESAR DE VOCÊ, AMANHÁ HÁ DE SER OUTRO DIA!!!

Pois bem, hoje falaremos de dois racistas "ilustres", aliás, três se contarmos com o Ziraldo, coitado! que decepção! RUY BARBOSA, MONTEIRO LOBATO e agora ZIRALDO!

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... mas quem foi que disse que nós somos racistas? imagina! como é mesmo a cantilena? "brasileiro é um povo solidário, que aceita todo mundo, que recebe bem qualquer forasteiro", que blablablá!
cabe melhor Gilberto Gil: "gente estúpida, gente hipócrita! "

É por isso que o "ilustre" Ruy Barbosa, legítimo representante da elite racista brasileira, ele próprio "mulato" e que queimou até os arquivos da negrada cativa, para, segundo seu raciocínio, de jeito algum aceitável por quem tenha inteligência mediana, evitar essa mancha na história do Brasil!" é uma consumada FRAUDE!

O diplomata e ministro determinou a queima dos registros com o intuito de "apagar" aquilo que chamava, não por falta de vocábulos ou expressões idiomáticas, mas porque era cínico, de "mancha negra" da história do Brasil.

Com essa atitude que lembra muito a Espanha e suas bruxas em fogueiras, evitou que o Estado brasileiro tivesse que pagar indenizações aos "proprietários" da negrada que não era considerada sequer como ser humano, mas como patrimônio de quem tinha condições de mandar caçar e trazer cativos para o território brasileiro, seres que não tinham voz nem vez.

Aqui, à semelhança dos índios, foram ultrajados em todos os sentidos e sob todas as formas que se possa imaginar, para quebrar o ânimo dessa gente que, felizmente, apesar de toda vergonha de quatrocentos anos de escravidão, sobreviveu e começa, timidamente, a ter lugar na sociedade.

Assim como o criador do visconde de sabugosa mais atual é um monumento à vergonha, por sua atitude assumida de racismo e de menosprezar o diferente, cuja pele é mais escura que a sua, também o odiador da gente preta, oficialmente mandando queimar registros públicos, é expressão da sordidez política, com sua conduta imoral em relação às suas vítimas.

Tudo isso pq  a mentira da abolição, todos o sabiam, não se sustentaria na história. Grande lider!

E ainda há quem, ingenuamente ou não, o saúde com a balela de um dos seus discursos no Senado Federal, quando, em 1914, disse da suposta vergonha de ser "honesto".

Infelizmente, passou para a história como alguém que defendeu o direito da gente preta, o que não é verdade, assim como tantos hoje se defendem, dizendo não serem racistas, quando todos sabem que o racismo pressupõe a não aceitação, sob qualquer aspecto, do outro, que nos seja diferente, ESPECIALMENTE NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MARCADAMENTE NA HEREDITARIEDADE.

A Carta Constitucional brasileira define a prática de racismo como crime inafiançável e imprescritível, segundo o artigo 5º, XLII. Só falta cumprir!

Sabe Ziraldo, minha filha, apesar de ler suas obras, sabe bem quais as razões paternas para excluir um membro da parentela de nosso convívio: FAZIA PIADAS DE PRETO!

e o pior: esse tipo de gente é capaz até de abusar de crianças, sabia?
Sandra Paulino e Silva


Carta Aberta ao Ziraldo
2011-02-18 15:19:28

por Ana Maria Gonçalves
Caro Ziraldo,
Olho a triste figura de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, estampada nas camisetas do bloco carnavalesco carioca "Que merda é essa?" e vejo que foi obra sua. Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos, e por breves momentos até me senti vingada. Vingada contra o racismo do eugenista Monteiro Lobato que, em carta ao amigo Godofredo Rangel, desabafou: "(...)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!..." (em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).
Ironia das ironias, Ziraldo, o nome do livro de onde foi tirado o trecho acima é inspirado em um quadro do pintor suíço Charles Gleyre (1808-1874), Ilusões Perdidas. Porque foi isso que aconteceu. Porque lendo uma matéria sobre o bloco e a sua participação, você assim o endossa : "Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista". A gente quem, Ziraldo? Para quem você se (auto) justifica? Quem te disse que racismo sem ódio, mesmo aquele com o "humor negro" de unir uma mulata a quem grande ódio teve por ela e pelo que ela representava, não é racismo? Monteiro Lobato, sempre que se referiu a negros e mulatos, foi com ódio, com desprezo, com a certeza absoluta da própria superioridade, fazendo uso do dom que lhe foi dado e pelo qual é admirado e defendido até hoje. Em uma das cartas que iam e vinham na barca de Gleyre (nem todas estão publicadas no livro, pois a seleção foi feita por Lobato, que as censurou, claro) com seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Lobato estava certo. Certíssimo. Até hoje, muitos dos que o leram não vêem nada de errado em seu processo de chamar negro de burro aqui, de fedorento ali, de macaco acolá, de urubu mais além. Porque os processos indiretos, ou seja, sem ódio, fazendo-se passar por gente boa e amiga das crianças e do Brasil, "work" muito bem. Lobato ficou frustradíssimo quando seu "processo" sem ódio, só na inteligência, não funcionou com os norte-americanos, quando ele tentou em vão encontrar editora que publicasse o que considerava ser sua obra prima em favor da eugenia e da eliminação, via esterilização, de todos os negros. Ele falava do livro "O presidente negro ou O choque das raças" que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, país daquele povo que odeia negros, como você diz, Ziraldo, foi publicado no Brasil. Primeiro em capítulos no jornal carioca A Manhã, do qual Lobato era colaborador, e logo em seguida em edição da Editora Companhia Nacional, pertencente a Lobato. Tal livro foi dedicado secretamente ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, em meio à vasta e duradoura correspondência trocada pelos dois: “Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha".
Impossibilitado de colher os frutos dessa poda nos EUA, Lobato desabafou com Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Tempos depois, voltou a se animar: "Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor (...) Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos". Lobato percebeu, Ziraldo, que talvez devesse apenas exasperar-se mais, ser mais claro em suas ideias, explicar melhor seu ódio e seu racismo, não importando a quem atingiria e nem por quanto tempo perduraria, e nem o quão fundo se instalaria na sociedade brasileira. Importava o dinheiro, não a exasperação dos ofendidos. 2.000.000 de dólares, ele pensava, por um ovo de escândalo. Como também foi por dinheiro que o Jeca Tatu, reabilitado, estampou as propagandas do Biotônico Fontoura.
Você sabe que isso dá dinheiro, Ziraldo, mesmo que o investimento tenha sido a longo prazo, como ironiza Ivan Lessa: "Ziraldo, o guerrilheiro do traço, está de parabéns. Finalmente o governo brasileiro tomou vergonha na cara e acabou de pagar o que devia pelo passe de Jeremias, o Bom, imortal personagem criado por aquele que também é conhecido como “o Lamarca do nanquim”. Depois do imenso sucesso do calunguinha nas páginas de diversas publicações, assim como também na venda de diversos produtos farmacêuticos, principalmente doenças da tireóide, nos idos de 70, Ziraldo, cognominado ainda nos meios esclarecidos como “o subversivo da caneta Pilot”, houve por bem (como Brutus, Ziraldo é um homem de bem; são todos uns homens de bem – e de bens também) vender a imagem de Jeremias para a loteca, ou seja, para a Caixa Econômica Federal (federal como em República Federativa do Brasil) durante o governo Médici ou Geisel (os déspotas esclarecidos em muito se assemelham, sendo por isso mesmo intercambiáveis)".
No tempo em que linchavam negros, disse Lobato, como se o linchamento ainda não fosse desse nosso tempo. Lincham-se negros nas ruas, nas portas dos shoppings e bancos, nas escolas de todos os níveis de ensino, inclusive o superior. O que é até irônico, porque Lobato nunca poderia imaginar que chegariam lá. Lincham-se negros, sem violência física, é claro, sem ódio, nos livros, nos artigos de jornais e revistas, nos cartoons e nas redes sociais, há muitos e muitos carnavais. Racismo não nasce do ódio ou amor, Ziraldo, sendo talvez a causa e não a consequência da presença daquele ou da ausência desse. Racismo nasce da relação de poder. De poder ter influência ou gerência sobre as vidas de quem é considerado inferior. "Em que estado voltaremos, Rangel," se pergunta Lobato, ao se lembrar do quadro para justificar a escolha do nome do livro de cartas trocadas, "desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre? Cansados, rotos? As ilusões daquele homem eram as velas da barca – e não ficou nenhuma. Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões". Ah, Ziraldo, quanta ilusão (ou seria petulância? arrogância; talvez? sensação de poder?) achar que impor à mulata a presença de Lobato nessa festa tipicamente negra, vá acabar com a polêmica e todos poderemos soltar as ancas e cada um que sambe como sabe e pode. Sem censura. Ou com censura, como querem os quemerdenses. Mesmo que nesse do Caçadas de Pedrinho a palavra censura não corresponda à verdade, servindo como mero pretexto para manifestação de discordância política, sem se importar com a carnavalização de um tema tão dolorido e tão caro a milhares de brasileiros. E o que torna tudo ainda mais apelativo é que o bloco aponta censura onde não existe e se submete, calado, ao pedido da prefeitura para que não use o próprio nome no desfile. Não foi assim? Você não teve que escrever "M*" porque a palavra "merda" foi censurada? Como é que se explica isso, Ziraldo? Mente-se e cala-se quando convém? Coerência é uma questão de caráter.

O que o MEC solicita não é censura. É respeito aos Direitos Humanos. Ao direito de uma criança negra em uma sala de aula do ensino básico e público, não se ver representada (sim, porque os processos indiretos, como Lobato nos ensinou, "work" muito mais eficientemente) em personagens chamados de macacos, fedidos, burros, feios e outras indiretas mais. Você conhece os direitos humanos, inclusive foi o artista escolhido para ilustrar a Cartilha de Direitos Humanos encomendada pela Presidência da República, pelas secretarias Especial de Direitos Humanos e de Promoção dos Direitos Humanos, pela ONU, a UNESCO, pelo MEC e por vários outros órgãos. Muitos dos quais você agora desrespeita ao querer, com a sua ilustração, acabar de vez com a polêmica causada por gente que estudou e trabalhou com seriedade as questões de educação e desigualdade racial no Brasil. A adoção do Caçadas de Pedrinho vai contra a lei de Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que você conhece e ilustrou tão bem. Na página 25 da sua Cartilha de Direitos Humanos, está escrito: "O único jeito de uma sociedade melhorar é caprichar nas suas crianças. Por isso, crianças e adolescentes têm prioridade em tudo que a sociedade faz para garantir os direitos humanos. Devem ser colocados a salvo de tudo que é violência e abuso. É como se os direitos humanos formassem um ninho para as crianças crescerem." Está lá, Ziraldo, leia de novo: "crianças e adolescentes têm prioridade". Em tudo. Principalmente em situações nas quais são desrespeitadas, como na leitura de um livro com passagens racistas, escrito por um escritor racista com finalidades racistas. Mas você não vê racismo e chama de patrulhamento do politicamente correto e censura. Você está pensando nas crianças, Ziraldo? Ou com medo de que, se a moda pega, a "censura" chegue ao seu direito de continuar brincando com o assunto? "Acho injusto fazer isso com uma figura da grandeza de Lobato", você disse em uma reportagem. E com as crianças, o público-alvo que você divide com Lobato, você acha justo? Sim, vocês dividem o mesmo público e, inclusive, alguns personagens, como uma boneca e pano e o Saci, da sua Turma do Pererê. Medo de censura, Ziraldo, talvez aos deslizes, chamemos assim, que podem ser cometidos apenas porque se acostuma a eles, a ponto de pensar que não são, de novo chamemos assim, deslizes.
A gente se acostuma, Ziraldo. Como o seu menino marrom se acostumou com as sandálias de dedo: "O menino marrom estava tão acostumado com aquelas sandálias que era capaz de jogar futebol com elas, apostar corridas, saltar obstáculos sem que as sandálias desgrudassem de seus pés. Vai ver, elas já faziam parte dele" (ZIRALDO, 1986,p. 06, em O Menino Marrom). O menino marrom, embora seja a figura simpática e esperta e bonita que você descreve, estava acostumado e fadado a ser pé-de-chinelo, em comparação ao seu amigo menino cor-de-rosa, porque "(...) um já está quase formado e o outro não estuda mais (...). Um já conseguiu um emprego, o outro foi despedido do quinto que conseguiu. Um passa seus dias lendo (...), um não lê coisa alguma, deixa tudo pra depois (...). Um pode ser diplomata ou chofer de caminhão. O outro vai ser poeta ou viver na contramão (...). Um adora um som moderno e o outro – Como é que pode? – se amarra é num pagode. (...) Um é um cara ótimo e o outro, sem qualquer duvida, é um sujeito muito bom. Um já não é mais rosado e o outro está mais marrom" (ZIRALDO, 1986, p.31). O menino marrom, ao crescer, talvez virasse marginal, fado de muito negro, como você nos mostra aqui: "(...) o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24), porque a própria professora tinha ensinado para ele a diferença e a (não) mistura das cores. Então ele pensou que "Ficar sozinho, às vezes, é bom: você começa a refletir, a pensar muito e consegue descobrir coisas lindas. Nessa de saber de cor e de luz (...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava uma idéia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza. Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada. O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29), e que deveria se conformar com isso e não se revoltar, não ter ódio nenhum ao ser ensinado que, daquela beleza, pureza e alegria que havia na cor branca, ele não tinha nada. O seu texto nos ensina que é assim, sem ódio, que se doma e se educa para que cada um saiba o seu lugar, com docilidade e resignação: "Meu querido amigo: Eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, a ausência do branco" (ZIRALDO, 1986, p.30).
Olha que interessante, Ziraldo: nós que sabemos do racismo confesso de Lobato e conseguimos vê-lo em sua obra, somos acusados por você de "macaquear" (olha o termo aí) os Estados Unidos, vendo racismo em tudo. "Macaqueando" um pouco mais, será que eu poderia também acusá-lo de estar "macaqueando" Lobato, em trechos como os citados acima? Sem saber, é claro, mas como fruto da introjeção de um "processo" que ele provou que "work" com grande eficiência e ao qual podemos estar todos sujeitos, depois de sermos submetidos a ele na infância e crescermos em uma sociedade na qual não é combatido. Afinal, há quem diga que não somos racistas. Que quem vê o racismo, na maioria os negros, que o sofrem, estão apenas "macaqueando". Deveriam ficar calados e deixar dessa bobagem. Deveriam se inspirar no menino marrom e se resignarem. Como não fazem muitos meninos e meninas pretos e marrons, aqueles que são a ausência do branco, que se chateiam, que se ofendem, que sofrem preconceito nas ruas e nas escolas e ficam doídos, pensando nisso o tempo inteiro, pensando tanto nisso que perdem a vontade de ir à escola, começam a tirar notas baixas porque ficam matutando, ressentindo, a atenção guardadinha lá debaixo da dor. E como chegam à conclusão de que aquilo não vai mudar, que não vão dar em nada mesmo, que serão sempre pés-de-chinelo, saem por aí especializando-se na arte de esperar pelo atropelamento de velhinhas.
Racismo é um dos principais fatores responsáveis pela limitada participação do negro no sistema escolar, Ziraldo, porque desvia o foco, porque baixa a auto-estima, porque desvia o foco das atividades, porque a criança fica o tempo todo tendo que pensar em como não sofrer mais humilhações, e o material didático, em muitos casos, não facilita nada a vida delas. E quando alguma dessas crianças encontra um jeito de fugir a esse destino, mesmo que não tenha sido através da educação, fica insuportável e merece o linchamento público e exemplar, como o sofrido por Wilson Simonal. Como exemplo, temos a sua opinião sobre ele: "Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável". Sabe, Ziraldo, é por causa da perpetuação de estereótipos como esses que às vezes a gente nem percebe que eles estão ali, reproduzidos a partir de preconceitos adquiridos na infância, que a SEPPIR pediu que o MEC reavaliasse a adoção de Caçadas de Pedrinho. Não a censura, mas a reavaliação. Uma nota, talvez, para ser colocada junto com as outras notas que já estão lá para proteger os direitos das onças de não serem caçadas e o da ortografia, de evoluir. Já estão lá no livro essas duas notas e a SEPPIR pede mais uma apenas, para que as crianças e os adolescentes sejam "colocados a salvo de tudo que é violência e abuso", como está na cartilha que você ilustrou. Isso é um direito delas, como seres humanos. É por isso que tem gente lutando, como você também já lutou por direitos humanos e por reparação. É isso que a SEPPIR pede: reparação pelos danos causados pela escravidão e pelo racismo.
Assim você se defendeu de quem o atacou na época em que conseguiu fazer valer os seus direitos: "(…) Espero apenas que os leitores (que o criticam) não tenham sua casa invadida e, diante de seus filhos, sejam seqüestrados por componentes do exército brasileiro pelo fato de exercerem o direito de emitir sua corajosa opinião a meu respeito, eu, uma figura tão poderosa”. Ziraldo, você tem noção do que aconteceu com os, citando Lobato, "negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão", e do que acontece todos os dias com seus descendentes em um país que naturalizou e, paradoxalmente, nega o seu racismo? De quantos já morreram e ainda morrem todos os dias porque tem gente que não os leva a sério? Por causa do racismo é bem difícil que essa gente fadada a ser pé-de-chinelo a vida inteira, essas pessoas dos subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal, - porque nelas está a ausência do branco, esse povo todo representado pela mulata dócil que você faz sorrir nos braços de um dos escritores mais racistas e perversos e interesseiros que o Brasil já teve, aquele que soube como ninguém que um país (racista) também de faz de homens e livros (racistas), por causa disso tudo, Ziraldo, é que eu ia dizendo ser quase impossível para essa gente marrom, herdeira dessa gente de cor que simboliza a angústia, a solidão, a tristeza, gerar pessoas tão importantes quanto você, dignas da reparação (que nem é financeira, no caso) que o Brasil também lhes deve: respeito. Respeito que precisou ser ancorado em lei para que tivesse validade, e cuja aplicação você chama de censura.
Junto com outros grandes nomes da literatura infantil brasileira, como Ana Maria Machado e Ruth Rocha, você assinou uma carta que, em defesa de Lobato e contra a censura inventada pela imprensa, diz: "Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino. (...) A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais." É isso. Nos livros de Lobato está o racismo do racista, que ninguém vê, que vocês acham que não é problema, que é alicerce, que é necessário à formação das nossas futuras gerações, do nosso futuro. E é exatamente isso. Alicerce de uma sociedade que traz o racismo tão arraigado em sua formação que não consegue manter a necessária distância do foco, a necessário distância para enxergá-lo. Perpetuar isso parece ser patriótico, esse racismo que "faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças." Sabe o que Lobato disse em carta ao seu amigo Poti, nos albores do século passado, em 1905? Ele chamava de patriota o brasileiro que se casasse com uma italiana ou alemã, para apurar esse povo, para acabar com essa raça degenerada que você, em sua ilustração, lhe entrega de braços abertos e sorridente. Perpetuar isso parece alimentar posições de pessoas que, mesmo não sendo ou mesmo não se achando racistas, não se percebem cometendo a atitude racista que você ilustrou tão bem: entregar essas crianças negras nos braços de quem nem queria que elas nascessem. Cada um a seu modo, a repetir seu destino. Quem é poderoso, que cobre, muito bem cobrado, seus direitos; quem não é, que sorria, entre na roda e aprenda a sambar.
Peguei-o para bode expiatório, Ziraldo? Sim, sempre tem que ter algum. E, sem ódio, espero que você não queira que eu morra por te criticar. Como faziam os racistas nos tempos em quem ainda linchavam negros. Esses abusados que não mais se calam e apelam para a lei ao serem chamados de "macaco", "carvão", "fedorento", "ladrão", "vagabundo", "coisa", "burro", e que agora querem ser tratados como gente, no concerto dos povos. Esses que, ao denunciarem e quererem se livrar do que lhes dói, tantos problemas criam aqui, nesse país do futuro. Em uma matéria do Correio Braziliense você disse que "Os americanos odeiam os negros, mas aqui nunca houve uma organização como a Ku Klux Klan. No Brasil, onde branco rico entra, preto rico também entra. Pelé nunca foi alvo de uma manifestação de ódio racial. O racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos”. Se dependesse de Monteiro Lobato, o Brasil teria tido sua Ku-Klux-Klan, Ziraldo. Leia só o que ele disse em carta ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928, querendo macaquear os brancos norte-americanos: "Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. André Siegfred resume numa frase as duas atitudes. "Nós defendemos o front da raça branca - diz o sul - e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brasil". Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva." Fosse feita a vontade de Lobato, Ziraldo, talvez não tivéssemos a imprensa carioca, talvez não tivéssemos você. Mas temos, porque, como você também diz, "o racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos." Como, para acabar com a polêmica, você nos ilustra com o desenho para o bloco quemerdense. Olho para o rosto sorridente da mulata nos braços de Monteiro Lobato e quase posso ouvi-la dizer: "Só dói quando eu rio".
Com pesar, e em retribuição ao seu afeto,

Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves escritora

Negra, escritora, autora de Um defeito de cor.




quarta-feira, 20 de abril de 2011

ainda cabe recurso...

Corrupção
Mario Ribeiro condenado a dormir 5 anos na prisão
21/03/2011
Sonia Marques
 
O ex prefeito de Cotia Mario Dias Ribeiro foi condenado a 5 anos de reclusão em regime semi aberto por desvio de dinheiro público e apropriação indébita.
A sentença foi assinada pelo juiz Fabricio Stentendart da terceira Vara de Cotia. De acordo com a denúncia, Mário Ribeiro, que foi prefeito de Cotia pela segunda vez entre 1997 e 2000 teria utilizado a então empresa pública Procotia para contratar funcionários que trabalhavam em suas residências em Cotia, Ibiúna e no Guarujá, como cozinheira, segurança, pintor e até o piloto de seu helicóptero particular.
Entre os contratados, cerca de 40 pessoas, estavam parentes e agregados do ex prefeito cujos salários eram baixos mas aumentados muitas vezes em função de gratificações relacionadas aos cargos de comissão. Ainda segundo a denúncia, os funcionários ficavam com apenas parte dos salários, pois a maior parcela ia para a conta pessoal do prefeito. A soma total de desvio, sem juros ou correções, seria de aproximadamente R$ 1,7 milhão.
Ao longo do processo, além das testemunhas ouvidas pelo Ministério Público registros de admissão, documentos de nomeação e de exoneração confirmaram o vínculo dos tais funcionários na Prefeitura.
Mario Ribeiro negou a acusação e disse que jamais teria aproveitado a servidores públicos em atividades particulares, não ao menos no período em que davam expediente na prefeitura ou na Procotia. Disse ainda que a denuncia tinha cunho político e de disputa eleitoral "que inclusive teriam cooptado testemunhas para que agissem contrariamente a ele".
"Não é possível que a delação que deflagrou a investigação policial dos fatos, feita por aquele que sucedeu o réu no mandado de prefeito (Quinzinho Pedroso), tenha sido motivada pelo referido embate como costuma mesmo, acontecer em casos tais", diz o Juiz Stendard. E continua: "Mas tal circunstância é de somemos importância, porque a persecução penal, desapegada do ânimo do delator, é orientada, objetivamente, pelas provas coligidas por órgãos estatais imparciais, que agem segundo diretrizes legais e sempre com vistas ao interesse público".

Mario Ribeiro foi prefeito duas vezes em Cotia. Foi condenado a 5 anos de reclusão e perdeu os direitos políticos pelo mesmo período

O juiz rebate afirmação de Mario Ribeiro de cooptação de funcionários para deporem contra as testemunhas de acusação foram arroladas pelo Ministério Público e que boa delas depôs em sentido favorável ao réu, "o que fragiliza a suposição de maliciosa influência na prova acusatória".
Vale ressaltar que neste período Mário Ribeiro não chegou ao fim de seu mandato, cinco dias após a eleições, quando o então vereador Quinzinho Pedroso venceu a eleição para Prefeito ele renunciou deixando sua cadeira para o vice-prefeito, na época Carlão Camargo.
Além de ter de devolver o dinheiro que foi lesado dos cofres públicos, o ex prefeito foi condenado a uma pena de 5 anos de reclusão além de perda de direitos políticos por igual período. A pena será cumprida em regime semi aberto, ou seja, o ex prefeito pode exercer suas atividades normalmente durante o dia mas a noite terá de dormir no presídio. A decisão ainda é de primeira instância e cabe recurso.
Procurado pela redação do cotiatododia, o ex prefeito Mario Ribeiro não retornou até o fechamento da matéria.

FALHA DE SÃO PAULO... E COMO FALHA, DE PROPÓSITO!

18 de abril de 2011 às 22:47

Paulo Teixeira: “A Folha não queria me encontrar. A matéria já estava pronta, toda editada”

por Conceição Lemes
O que acharia se lesse a primeira manchete na capa de um jornal, e a segunda, no caderno interno?


Pois isso aconteceu nesse domingo, 17 de abril, na Folha de S. Paulo. A vítima da vez: o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), líder da bancada na Câmara Federal.
Curiosamente, na capa, o jornal ressalta: Procurado não deu resposta.  Depois no caderno interno, capricha: A Folha fez vários pedidos de entrevista ao deputado desde 16 de março, mas sua assessoria não deu resposta.
Desde 16 de março e a matéria só foi publicada em 17 de abril?! A Folha esperaria tanto?!  Nem criança acredita nessa história da carochinha. Repórter quando quer encontrar MESMO uma fonte, acha. E se é de Brasília, onde o deputado passa boa parte da semana, é mel na sopa. E com um mês de lambuja é covardia! Só Freud explica. Ou melhor, só a Folha explica.
“A Folha não me ouviu antes de fazer a matéria”, revela Paulo Teixeira. “O repórter Felipe Coutinho mandou e-mail para a minha assessoria de imprensa, perguntando sobre ‘microtraficantes’. A assessoria avaliou que não deveríamos entrar nesse debate num momento em que precisamos aprovar matérias importantes no Parlamento para a continuidade do processo de crescimento econômico com distribuição de renda. O repórter não disse que faria uma matéria sobre uma fala minha num evento.”
“Curiosamente, o mesmo jornalista ligou no meu celular ontem [domingo] para repercutir. Eu perguntei por que não o fez antes, a exemplo de todos os jornalistas da Folha, que me ligam diretamente no celular. Ele disse que não quis passar por cima da assessoria”, observa Teixeira. “Depois de ver a chamada da matéria na capa e a mobilização dos editores para comentá-la, percebi que a Folha não queria me encontrar, não queria realmente saber a minha opinião. Ela já tinha a matéria pronta, toda editada.”
Pena que o jornal tenha usado esse expediente num tema tão sério, que exige responsabilidade e ética. Afinal, estamos falando de saúde pública. Por isso, resolvi aprofundar a entrevista com o deputado Paulo Teixeira, para colocar os pingos nos is.
Viomundo – Deputado, a Folha cita uma palestra do senhor. É daí que foram tiradas as informações que estão na matéria?
Paulo Teixeira — A Folha teve acesso às informações por meio de um vídeo que foi postado na internet, não sei se com a fala integral ou parcial. De qualquer forma, a matéria não expressa o que eu penso, mostra apenas uma parte, com uma abordagem sensacionalista, parcial, com frases pinçadas de um contexto. Há quinze anos acompanho este tema, em diferentes foros mundiais. Não estimulo o uso de drogas, mas acho que o problema precisa de uma abordagem menos preconceituosa.
Viomundo — Na chamada de capa, a Folha diz que o senhor defende o uso da maconha e ataca o Big Mac, dando a impressão de que estimula o uso. É isso mesmo?
Paulo Teixeira — É uma insinuação inadmissível da Folha. Toda vez que falo sobre a política de drogas, faço questão salientar os prejuízos à saúde e demais danos sociais que a droga pode causar.
Falo inicialmente do álcool, que, para mim, é o problema mais grave da sociedade brasileira. Causa acidente de trânsito, brigas com morte, violência contra mulher. A sociedade brasileira precisa proibir a propaganda do álcool na TV. Em relação à maconha, falo dos riscos à saúde do usuário, da necessidade de prevenir o seu uso. Muitos usuários podem, inclusive, desencadear doenças psíquicas pelo uso.
A realidade atual é gravíssima. Drogas ilícitas são oferecidas à luz do dia. Esse mercado é muito capitalizado. Diante desse quadro, o que fazer para torná-lo menos  perigoso? Deixar os usuários consumir substâncias adulteradas? Permitir a crescente capitalização desse mercado?
Minhas propostas são retirar o usuário da esfera penal, descriminalizando o uso e a posse de drogas e esvaziar o poder econômico do tráfico. Em relação ao Big Mac, minha preocupação é estabelecer uma exigência para que os produtos alimentícios informem o teor de gordura, de sódio e gordura trans que contêm.
Viomundo —  A Folha diz que o senhor defende o plantio de maconha por cooperativas de usuários. O que falou sobre isso?
Paulo Teixeira — Eu me referi a experiências de Espanha e Portugal, entre outros países, onde o problema foi abordado de uma forma pragmática. No caso da Espanha, o  resultado foi importante para diminuir a exposição de usuários à convivência com traficantes e esquemas criminosos. Lá, especificamente, são permitidas cooperativas  de plantio formadas por consumidores. Essa estratégia enfraquece a economia da droga.
Em Portugal, os resultados foram muito positivos também. Depois da descriminalização ocorrida há dez anos, diminuiu a violência associada ao uso de drogas, diminuiu inclusive o consumo. Lá o conhecimento por parte da autoridade policial do porte de qualquer droga pelo usuário está fora da órbita criminal e submetido a infrações administrativas, como  advertências, cursos, multas, entre outras.
As experiências de Portugal e Espanha são apenas exemplos de estratégias mais pragmáticas. Não sei se servem para o Brasil, porém podem iluminar um novo caminho.
Viomundo – No Brasil, há especialistas que defendem a descriminalização da maconha. As cooperativas seriam o  caminho para viabilizar essa proposta?

Paulo Teixeira – Acho importante analisar as estratégias adotadas por outros países e os resultados. A experiência Portugal, que eu acabei de citar, é muito interessante. Ao descriminalizar o usuário, distinguindo-o claramente do traficante, descapitalizou grande parte do mercado de drogas ilícitas em geral. Com isso, ajudou a diminuir a violência associada a esse mercado, com resultados fantásticos em relação à diminuição das doenças associadas ao uso de drogas.
Todos os países estão discutindo a questão das drogas leves, como a maconha, e o Brasil não pode ficar fora desse debate. Há muita hipocrisia. Quase todo mundo conhece alguma história de alguém que se envolveu com drogas. Há casos de pessoas que são apenas usuários e vão parar na cadeia em razão de um flagrante armado ou fruto de uma legislação que ainda está longe da dos países que resolveram encarar o problema de frente.

Viomundo – Nós temos uma epidemia de crack, que é uma droga devastadora, vicia rapidamente… O fato de no momento as atenções estarem focalizadas principalmente nele atrapalha o debate sobre as drogas em geral?
Paulo Teixeira O crack é uma droga que se desenvolveu a partir do controle das substâncias químicas destinadas ao refino da cocaína. Assim, o crack é o refino da cocaína feito com substâncias muito pesadas e nocivas à saúde. Ele é produto da política de guerra às drogas.
Temos que prevenir o seu uso e tratar os eventuais usuários, o que não é fácil.
Por isso, acho importante que o tema das drogas seja discutido à luz do dia para que não cheguemos a esse absurdo que é o crack. É uma questão de saúde pública.
Viomundo — Drogas devem ser assunto de saúde pública ou de polícia?
Paulo Teixeira – O uso de drogas não pode ser assunto de polícia. Deve ser unicamente de políticas públicas.
Insisto: o usuário deve ser  tratado fora da esfera penal. Isso ajuda a mudar de mãos quem cuida do assunto. Em lugar da polícia e dos traficantes, teremos a família, a escola, as atividades culturais e esportivas e a saúde para cuidar dos usuários.
Viomundo – O senhor acompanha a discussão sobre as drogas há muito tempo. O que acha da nossa da legislação?
Paulo Teixeira – Realmente, é um tema, que me preocupa muito e trato bastante. Já participei de conferências no Canadá, nos EUA, no México, em vários países da América Latina, Europa e Ásia e em vários estados brasileiros. Acho que precisamos rever rapidamente a legislação brasileira.

Viomundo – O modo de o Brasil combater as drogas está dando certo?

Paulo TeixeiraNossa política sobre drogas é um entroncamento das políticas norte-americana e europeia. Temos muitos problemas, principalmente carcerários. Há uma grande massa de presos, que são pequenos infratores enquadrados na lei de drogas. Segundo os estudos, o perfil desses presos é o seguinte: réus primários, agiram sozinhos e sem emprego de armas. Os presídios são locais privilegiados para organização da violência no país. E esses presos, pequenos infratores por causa de drogas, são recrutados para ações criminais mais danosas à nossa sociedade.
Viomundo – Que outras consequências acarretam essa forma de se lidar com as drogas?
Paulo Teixeira — A nossa realidade é preocupante em relação ao abuso de drogas. Temos um foco na repressão, que consome grande quantia de recursos e que dilui os esforços das forças de segurança no combate ao pequeno delito de drogas, impedindo que as ações se concentrem no crime organizado. Diante disso, não conseguimos diminuir o número de usuários. A aquisição dessas substâncias dá-se no mercado ilegal, resultando em perigos de todos os tipos. Como ainda está sob a lei penal, o usuário tem risco permanente de uma abordagem desproporcional da polícia.
Viomundo – A atual política está conseguindo prevenir o uso de drogas?
Paulo Teixeira – De acordo com estudos publicados, o consumo de drogas no Brasil aumenta a cada dia.
Viomundo – Estados Unidos ou Europa, qual a melhor direção?
Paulo Teixeira — A política de guerra às drogas é hegemônica no mundo. O Brasil desenvolve políticas mais criativas em comparação aos EUA. A Europa tem conseguido resultados muito mais favoráveis com a política de redução de danos. Creio que essa é a direção mais correta.
Redução de danos é uma estratégia que busca prevenir o uso de drogas, mas atende o usuário na perspectiva de conseguir resultados progressivos para a saúde e  a vida social dele enquanto ainda estiver nessa condição. Educar para evitar que seja infectado pelo vírus da Aids, da hepatite.  Educar também para evitar overdose, perda do emprego, de vínculos sociais. Essas são estratégias da política de redução de danos.
Oferecer tratamento para a superação do uso e tratar das motivações que levam o usuário ao abuso são outras estratégias dos programas de redução de danos.
Viomundo — Como deveria ser a política de combate às drogas?

Paulo Teixeira — Defendo uma política democrática, com livre circulação de informações, prevenção, melhor distribuição de renda, educação, cultura e lazer. Ampliar os horizontes das pessoas.
Em relação às drogas, temos de convencer os jovens sobre a repercussão em sua saúde pelo uso ou abuso. Buscar promover espaços para o fortalecimento político da nossa juventude, para que exerçam plenamente a sua cidadania. Temos de buscar convencê-los a não usar drogas. Mas, caso usem, evitar o abuso e maiores danos à sua saúde e à sua vida. Mas, antes de tudo, é preciso convencê-los e apoiá-los.
Viomundo — A matéria diz que o senhor tem uma visão diferente da presidenta Dilma. Seria uma forma de intrigá-lo e dificultar a sua posição como líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados?

Paulo Teixeira — Tais posições são exclusivamente minhas. A presidenta  está concentrada no assunto, acelerando a atenção aos usuários, aumentando os leitos hospitalares… Esse esforço terá resultados positivos. Noutra ponta do tema, o governo vem aumentando a eficácia das ações contra o crime organizado. Não tenho divergências com a presidenta Dilma Rousseff . O repórter tentou usar a questão como fonte de potencial intriga, mas se esqueceu de que tanto a presidenta como eu estamos preocupados com a questão das drogas.
Viomundo — Para finalizar, o que o senhor diria aos pais?
Paulo Teixeira – Não adianta a gente enfiar a cabeça no buraco, fazer de conta que as drogas nunca vão afetar os nossos filhos. Talvez muitos pais não saibam, mas cada vez mais as drogas são adulteradas, ficando ainda mais perigosas à saúde.  Sabem que têm essa informação? Os traficantes. Sabem nas mãos de quem os jovens usuários  estão hoje em dia? Nas mãos dos traficantes e da polícia.
Se quisermos mudar o rumo das coisas, temos que começar a discutir essa questão às claras, sem hipocrisia nem preconceito.
Sou pai de seis filhos. Eu e a minha esposa sempre proporcionamos ambiente aberto para dialogar com nossos filhos. Sempre que eles tiveram crises de adolescência, paramos tudo para cuidar deles. Valorizamos suas iniciativas. Sou vinculado à Igreja Católica em São Paulo. Para a construção das minhas posições, consultei teólogos, bispos, padres e leigos na área religiosa. Construí minhas posições ouvindo também médicos, sociólogos, políticos, antropólogos, cientistas sociais e demais profissionais. Aconselho a todo o pai o diálogo.
Leia aqui por que os especialistas acham que a repressão está perdendo terreno na luta contra as drogas.
 

domingo, 17 de abril de 2011

PRECONCEITO EM BAIXÍSSIMO NÍVEL (CALABOCAIO!)

publicado em 17/04/2011 às 22h10: A vc, Caio Blinder, legítimo representante do mais baixo nível que só se satisfaz ao atacar mulheres, meu mais profundo DESPREZO.

Sua doença, atinge homens de qualquer faixa etária, sempre com complexo de inferioridade entre outros, mas muito mais especialmente aqueles que estão na andropausa, popularmente conhecida por "idade do lobo" que é quando o sujeito tem problemas de ereção com origem no cérebro que está embotado de tanta bobagem que o alimenta.

Às vezes é algo bem mais grave, como uma espécie de tuor que desvia o reto até a caixa craniana ...

Sempre que possível, é bom fazer alguns exercícios dolorosos, para teste antes do diagnóstico final e fatal, que é de não ter mais nem sequer esperança de viver nesse mundo, mercê de Deus, cada vez mais, governado por mulheres e HOMENS que se dão bem com elas! ou conosco, como prefira!

Há ainda, e infelizmente, muitos imbecis como você, que se colocam nesse falso pedestal de quem tem imunidade para falar qualquer bobagem e por estar supsotamente respaldado por uma droga de emissora (vc fala tanto de ditadura, pergunte ao Boni, como a família Marinho chegou onde chegou, se é que vc não sabe...) pensam que nada lhes irá acontecer.

Pois bem, Caio: desejo que vc perca a droga de emprego na droga da emissora onde vc despeja seu lixo mental sobre as pessoas.

Desejo que sua família fique envergonhada por vc ser tão asqueroso e nojento como vc demonstrou ser e sobretudo, que vc fique sozinho, percebendo como as pessoas lhe evitam. Isso chama-se controle social!!! leia Focault "vigiar e punir" (ou o contrário, não me lembro!).

Vc é sobretudo um cara com auto-estima baixíssima e a gene percebe que e ocmporta como eterno adolescente, buscando chamar atençao sobre si mesmo. Páááááára, cara! isso é vergonhoso!

Vc criou um problemão para o seu próprio país. Será que vc não se toca?

Essa mulherada nem tá aí com vc e os maridos, qquer deles, pode muito bem te encomendar, understand? capiche? entendeu seu bobão?

Agora não se fala mais "CALA A BOCA MAGDA"! é CALA A BOCAIO"
Sandra Paulino e Silva

Jornalista da Globo ofende a rainha da
Jordânia e causa saia justa diplomática

Caio Blinder, do Manhattan Conection, chamou mulher do rei jordaniano de "piranha"

Por quÊ?

Três PMs sofrem atentado com 200 tiros no Guarujá (SP)
01/04/2011 - 18h29

Três PMs sofrem atentado com 200 tiros no Guarujá (SP)

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LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL AO GUARUJÁ

Dois policiais militares foram baleados em um atentado ocorrido na manhã desta sexta-feira no Guarujá (litoral paulista). Um terceiro PM que estava com eles não foi atingido. Segundo a Polícia Civil, foram disparados mais de 200 tiros em direção ao carro deles.
A Polícia Militar apura a informação de que o soldado Felipe Souza, 25, já havia sofrido ameaças de morte. "Pelas características, parece um crime de represália, mas não sabemos o porquê", disse o comandante interino do batalhão, major José Messina Filho. Ele afirmou que Souza trabalhava como motorista dos oficiais que supervisionam o policiamento.
As vítimas passam bem e já foram liberadas do hospital, mas ainda não foram ouvidas.
A emboscada aconteceu por volta das 6h. O delegado que investiga o caso, Josias de Souza, informou que Sidney Ferreira, 30, e que Joel Vieira, 48, levavam Felipe em casa após o trabalho.
Quando chegaram, dois carros cercaram o veículo da polícia e começaram a disparar. Houve troca de tiros. Ferreira foi atingido na perna e Souza, no braço.
Vizinhos contaram que os PMs conseguiram escapar porque rolaram do carro e entraram na casa. Com a chegada de outros policiais, os suspeitos fugiram.
O delegado informou que os agentes perseguiram os suspeitos até eles abandonarem os carros em que estavam. Os veículos haviam sido roubados e tiveram as placas adulteradas.
Ninguém foi preso.
TIROTEIO
Segundo vizinhos do policial, a troca de tiros durou cerca de meia hora. "Foi assustador. Foi tudo mundo para o chão [de casa] até acabarem os tiros", disse Tiago dos Santos, 26.
Uma tia de Felipe, Lúcia da Silva, 52, afirmou acreditar que "um milagre" tenha salvo seu sobrinho.
A Polícia Militar informou que reforçou o policiamento no local do crime e nas saídas da cidade para tentar localizar os suspeitos. A Folha, porém, não encontrou blitze ou rondas policiais nos dois lugares.

supostos abusos de direitos humanos cometidos pelas polícias estaduais e por falhas no combate à corrupção

08/04/2011 - 16h55

EUA criticam abuso policial e combate à corrupção no Brasil

ALESSANDRA CORRÊA
DA BBC BRASIL EM WASHINGTON

Em um relatório divulgado nesta sexta-feira, o Departamento de Estado americano criticou o Brasil por supostos abusos de direitos humanos cometidos pelas polícias estaduais e por falhas no combate à corrupção.
Segundo o relatório anual sobre direitos humanos do Departamento, com dados relativos a 2010, "execuções extrajudiciais cometidas pelas polícias estaduais (Militar e Civil) foram frequentes, particularmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro".
As críticas são as mesmas já feitas nos relatórios dos anos anteriores. Alguns trechos do capítulo dedicado ao Brasil são exatamente iguais aos do documento divulgado no ano passado.
Segundo o Departamento de Estado, "em muitos casos, policiais empregaram força letal indiscriminadamente durante apreensões".
"Relatos confiáveis indicam o contínuo envolvimento de oficiais de polícia estaduais em mortes por vingança e na intimidação e morte de testemunhas envolvidas em processos contra policiais", diz o texto.
UPPS
O relatório cita relatos da organização não-governamental Anistia Internacional ao afirmar que a implantação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) em favelas no Rio "reduziu significativamente a violência em dezenas de comunidades".
Apesar disso, ainda segundo a Anistia Internacional, "o policiamento no Rio de Janeiro continua a depender de métodos repressivos".
Entre os problemas relacionados aos direitos humanos no Brasil identificados no relatório estão ainda as más condições das prisões no país, apesar de esforços em alguns Estados para melhorar a situação dos centros penais.
O documento cita problemas como abusos por parte de guardas, falta de atendimento médico e superlotação.
Outros temas do Brasil citados no relatório são violência e discriminação contra mulheres, incluindo abuso sexual; tráfico de pessoas; casos de discriminação contra povos indígenas e minorias; problemas de implementação de leis trabalhistas e casos de trabalho forçado e de trabalho infantil no setor informal.
CORRUPÇÃO
Assim como no documento divulgado no ano passado, o relatório mais recente critica o Brasil pela "relutância e ineficiência em processar funcionários do governo por corrupção".
Segundo o relatório, apesar de a lei brasileira prever punição criminal para oficiais corruptos, "o governo nem sempre implementou a lei de maneira eficaz, e oficiais frequentemente praticaram corrupção impunemente".
O texto cita indicadores do Banco Mundial ao afirmar que "a corrupção continua a ser um problema grave" no Brasil.
O Departamento de Estado menciona ainda ameaças à liberdade de imprensa, ao citar dados da ANJ (Associação Nacional de Jornais) sobre "o crescente número de decisões judiciais proibindo a imprensa de relatar certas atividades".
Em um resumo sobre a situação brasileira no ano passado, o documento diz que aqueles que violaram direitos humanos "geralmente desfrutaram de impunidade".
RESPOSTA
Em nota divulgada nesta sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que não se pronunciaria sobre o conteúdo de relatórios "elaborados unilateralmente por países, com base em legislações e critérios domésticos, pelos quais tais países se atribuem posição de avaliadores da situação dos direitos humanos no mundo".
O Itamaraty lembrou ainda que as avaliações do relatório não incluem a situação no próprio território americano e em outras áreas sobre os quais o governo dos Estados Unidos tem jurisdição.
No comunicado, o Ministério diz que o Brasil "reitera seu comprometimento com os sistemas internacionais de direitos humanos" e diz que "permanecerá engajado no mecanismo de Revisão Periódica Universal do Conselho de Direitos Humanos", criado para avaliar situações de direitos humanos nos países-membros das Nações Unidas.

Mortes anunciadas?

Coluna do LFG

Policiais matam em grupos de extermínio

Luiz Flávio Gomes - Coluna - Spacca - Spacca
** Sob o título mortes anunciadas o prof. Zaffaroni (Temis: Bogotá, 1993), em livro clássico, diz: “são mortes causadas, de forma massiva e normalizada, pela operatividade do sistema penal”. Que significa normalizada: são mortes aceitas, não contestadas, assimiladas pela mídia e pela população.
Dentre as mortes anunciadas ele distingue: (a) mortes institucionais (mortes geradas no exercício das funções pelos agentes armados das agências de repressão do sistema penal); (b) mortes extra-institucionais (mortes geradas fora do exercício das funções por esses agentes armados); (c) mortes para-institucionais (mortes geradas pelos grupos de extermínio); (d) mortes contra-institucionais (mortes contra os agentes do sistema penal); (e) mortes meta-institucionais (mortes que passam pelas agências do sistema penal (preso que mata outro preso, por exemplo).
Uma quantidade exorbitante de mortes para-institucionais foi objeto de uma matéria do jornal Folha de São Paulo (25.03.11): trata-se de um relatório produzido pela Polícia Civil do Estado de São Paulo que atribui a policiais militares 150 assassinatos, em dois grupos de extermínio (zona leste e zona norte), durante os anos de 2006 a 2010.
A mãe de uma das vítimas disse: “Não passava por minha cabeça existir bandido usando farda”.
Esses grupos agem à margem da lei, executando seus “desafetos” e quem mais estiver junto, para que não restem testemunhas.
A existência destes grupos é, em si, um fato inquietante, pois sua ação é uma das principais fontes de violação do direito à vida e ameaça o Estado de Direito. Porém, mais preocupante ainda é saber que há policiais militares entre os membros destes grupos.
De acordo com as investigações conduzidas pelo DHPP, cerca de 50 policiais militares estariam envolvidos nas mortes de 150 pessoas, que foram executadas pelas ações destes grupos. Se as suspeitas se confirmarem, numa contagem simples, cada policial seria responsável por três homicídios.
Outro dado surpreendente é o motivo dos crimes. Segundo o relatório, as principais motivações seriam: “20% por vingança; 13% por abuso de autoridade; 13% "limpeza" (assassinato de viciados em drogas, por exemplo); 10% por cobranças ligadas ao tráfico e 5% por cobranças de jogo ilegal; 39% sem razão aparente”.[1]
O relatório traz ainda informações sobre a vida pregressa dessas vítimas de homicídio, revelando que a ampla maioria não tinha antecedentes criminais.
Analisemos outros números. No período de 2006 a 2010, foram registrados na capital paulista 7.725 homicídios. Destes, de acordo com o relatório de DHPP, 150 seriam resultantes da ação de grupos de extermínio. Estas mortes correspondem a cerca de 2% do total de homicídios na capital.
O número parece pequeno, mas se olharmos o que ele representa vamos chegar à seguinte conclusão: dois únicos grupos são responsáveis por 2% dos homicídios ocorridos no município de São Paulo.
É certo que não é possível generalizar e dizer que toda a Polícia Militar pertence a grupos de extermínio ou está envolvida com atos ilícitos. Mas é possível afirmar que, se não houver uma rápida resposta por parte das autoridades responsáveis, esse quadro de violações tende a piorar e a polícia será uma agência completamente desacreditada pela população e, como consequência, é possível que assistamos ao aumento da violência e do crime.
Como muito bem ressaltou o jurista Juan Méndez, relator especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, é imprescindível compreender que a violência perpetrada por agentes de Estado traz sérias conseqüências para a qualidade ou para a própria existência da democracia[2].
As mortes anunciadas fazem parte da nossa guerra civil permanente, cujos fundamentos (típicos do populismo penal) foram reforçados a partir da década de 80 por atores populares, políticos e midiáticos, que passaram a defender aberta e criminosamente as ações mortíferas da polícia para conter o tráfico de drogas e a criminalidade patrimonial.
Desde então o Estado e a sociedade perderam o controle dessa mortandade epidêmica, que tampouco gera qualquer tipo de desconforto sério na mídia ou na comunidade. É a indiferença que faz a diferença da nossa sociedade no século XXI!
** Contribuiu para a elaboração do artigo Adriana Loche, que é socióloga, soutoranda em Sociologia pela Universidade de São Paulo e pPesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.

[1] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2503201101.htm
[2] Méndez, J.E.; O’Donnell. G. & Pinheiro, P.S. 2000. Democracia, violência e injustiça: o não-Estado de Direito na América Latina. São Paulo, Paz & Terra.

Falta de provas ?

Justiça manda soltar policiais presos desde 2009
Dois policiais militares acusados de matar e decapitar dois jovens e de participar de um grupo de extermínio conhecido como Os Highlanders foram absolvidos por júri popular. O sargento Jorge Kazuo Takiguti e o soldado João Bernardo da Silva devem deixar o Presídio Militar Romão Gomes, onde estão presos há 785 dias. A morte das vítimas, Roberth Sandro Campos Gomes, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, o Bebê, aconteceu em maio de 2008. A sentença foi proferida no final da noite desta quinta-feira (17/3) pelo juiz da Vara do Júri de Itapecerica da Serra, Antonio Augusto Galvão Hristov. O Ministério Público vai recorrer da sentença.
O grupo de extermínio, de acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, atuava na periferia da zona sul e na região metropolitana de São Paulo. Nove policiais militares acusados de integrar Os Highlanders eram membros da Força Tática – uma tropa de elite – criada no 37º Batalhão da Polícia Militar. O grupo é suspeito de doze mortes e se caracterizava pelo modo de agir: uso de armas brancas (facas e espadas) e decapitação. O nome surgiu em alusão ao filme estrelado por Christopher Lambert e Sean Connery na década de 80, no qual os guerreiros cortavam a cabeça de seus inimigos. Segundo a acusação, a cabeça e as mãos eram cortadas para dificultar a identificação das vítimas.
Lágrimas e raiva, comoção e protesto se alternaram no plenário depois que o juiz que presidiu o conselho de jurados leu a sentença de absolvição. Parentes e amigos dos acusados, a maioria deles policiais militares, não conseguiram conter a emoção e a alegria, apesar dos alertas do magistrado de que as manifestações eram proibidas. As famílias das vítimas não se conformavam com a decisão do tribunal. “Foi feita Justiça. Eram inocentes e foram acusados pelo crime organizado porque faziam um bom trabalho contra o tráfico de drogas na periferia”, disse o advogado Celso Machado Vendramini, defensor dos policiais militares. O promotor de Justiça Vitor Petri disse que mantém a convicção de que os réus mataram os jovens por acreditar que eles eram traficantes.
A investigação que apurou a morte dos dois jovens apontou o envolvimento de outros quatro policias militares nos crimes: Marcos Aurélio Pereira Lima, Ronaldo dos Reis Santos, Rodolfo da Silva Vieira e Jonas Santos Bento. Este último, também iria ser julgado nesta quinta, mas seu advogado faltou à sessão e o júri foi remarcado para o dia 1º de novembro. Os outros três serão julgados em setembro.
Esse é o segundo julgamento de policiais militares acusados de integrar o grupo conhecido como Os Highlanders. No primeiro julgamento, em julho do ano passado, Rodolfo da Silva Vieira e outros três PMs (o sargento Moisés Alves Santos, o cabo Joaquim Aleixo Neto e o soldado Anderson dos Santos Salles) foram condenados a 18 anos e oito meses de detenção. Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio que impediu a defesa da vítima). Segundo o Ministério Público, o grupo sequestrou, executou e decapitou  Antonio Carlos da Silva Alves. O rapaz sofria de deficiência mental. Eles negam a autoria do crime.
No julgamento nesta quinta-feira, os dois policiais militares foram inocentados das mortes de Roberth Sandro Campos Gomes e Roberto Aparecido Ferreira. “As pessoas não imaginam como é viver na prisão por um crime que não se cometeu”, disse o sargento Jorge Takiguti, chorando. Ele e o soldado João Bernardo da Silva alegaram que, na madrugada em que ocorreu o sumiço das vítimas, estavam com suas mulheres, cada um em sua casa. A defesa usou como argumento a insuficiência total de provas de autoria. O advogado Celso Machado Vendramini usou como estratégia sugerir a incriminação de outros policiais que não fossem seus clientes.
Os PMs eram acusados de homicídio duplamente qualificado – por motivo torpe e pela impossibilidade de defesa das vítimas. Segundo a acusação, os dois rapazes foram detidos pelos PMs no Jardim Imbé, região do Capão Redondo (zona sul de SP), na madrugada de 5 para 6 de maio de 2008, quando foram vistos entrar no carro nº 37016 do 37º Batalhão, também na zona sul. Uma jovem que acompanhava os rapazes naquela madrugada reconheceu os dois policiais como sendo quem os levaram depois de mandá-la para casa. Os corpos dos dois jovens foram encontrados em Itapecerica da Serra, sem as mãos e a cabeça, no fim daquele mês. Cortar a cabeça e as mãos das vítimas, segundo o promotor Petri, era uma estratégia dos PMs para evitar a identificação das vítimas, daí o nome do grupo de extermínio ser "Os Highlanders".
“Meu irmão falava que era constantemente ameaçado de morte pelos policiais militares”, disse em seu depoimento Missele Campos Gomes, irmã de uma das vítimas. A testemunha chorou ao contar que o soldado João Bernardo da Silva a ameaçou durante um protesto feito por familiares e amigos da vítima. “Ele falou que se eu não parasse com o protesto que daria um jeito em mim como deu em meu irmão”, revelou Misseli. Outra testemunha, Angélica Ferreira da Silva, confirmou ter visto as vítimas serem levadas pelos policiais militares. Ela também reconheceu Takiguti como um desses PMs. “Sei que foi ele por causa da cicatriz que ele tem no pescoço”.
A acusação sustentou a tese de que os PMs agiram em concurso e praticaram o crime de homicídio duplamente qualificado — motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima — numa ação típica de grupo de extermínio. Os réus eram integrantes do 37º BPMM e atuavam na periferia da zona sul da capital paulista

UAU COMO EU SEI QUE ISSO É VERDADE, BASTA VER O CASO EDILIZ!

Estado X Estado

Magistratura deve evitar abuso do Estado

A sociedade é montada sob o princípio democrático de que todos são iguais perante a lei; busca assim evitar que um cidadão viole o direito do outro ou retire-lhe o que não lhe pertence, servindo-se do poder, do dinheiro ou da força física.
O Estado manifesta seus objetivos através dos três órgãos criados para sustentar sua unidade. O Legislativo estabelece as normas gerais e abstratas; o Executivo executa essas normas e o Judiciário soluciona todas as controvérsias.
A ciência do direito conferiu ao Poder Judiciário íntima ligação da sociedade com a justiça, conferindo-lhe condições para resolver os conflitos. Para tanto, o cidadão deve provocar o mecanismo judiciário sempre que houver eventual violação ao seu direito. O acesso ao sistema, entretanto, implica em uma série de exigências que já penaliza a parte que foi afrontada. Necessita contratar um advogado, pagar custas, submeter-se a uma série de diligências até obter a decisão do juiz, denominada de sentença; mas a via crucis não para por aí, porquanto outra fase do processo se inicia com o chamamento de outro órgão, o tribunal, para se manter ou reformar a sentença, por meio de uma decisão colegiada, que se chama de acórdão. Após tudo isto, resta ao cidadão que foi importunado cobrar o que foi decidido pela sentença ou acórdão e aí se pode considerar um novo processo, a execução.
O pior de tudo situa-se quando uma das partes recusa-se no cumprimento da decisão judicial, pois o Judiciário enfrenta dificuldades estruturais para se movimentar e fazer cumprir a sentença e a parte dispõe de inúmeros recursos, responsáveis pelo atraso na finalização do processo. Se o processo referir-se a patrimônio e o infrator ou devedor não possuir bens, haverá paralisação e o prejudicado ou credor terá de esperar o aparecimento de bens do devedor para promover a execução daquilo que ganhou com a sentença. O jurisdicionado não entende esta particularidade, pois, depois de iniciado o processo, costuma antecipar e vender ou transferir seus bens e o cidadão que ganhou a causa tem a ingrata surpresa de ter ganhado a questão, mas nada leva.  
Se o Estado-Juiz decide e o jurisdicionado não obtém o resultado proclamado, o processo perde seu valor e o cidadão que confiou na Justiça sente-se desprestigiado com o descrédito para os serviços judiciários.
Exatamente para evitar este descompasso entre o que se ganhou com a decisão judicial e o que não se recebeu, o legislador, interpretando o sentimento do povo, através de Emenda, inseriu na Constituição, um dispositivo, item LXXVIII, artigo 5º, para assegurar “razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. No mesmo sentido, a Lei 10.444 acrescentou ao artigo 461 CPC o parágrafo 5º para possibilitar aos julgadores meios para forçar a parte vencida a cumprir a decisão, pois, de outra forma, será tido como infrator e, dentre outras medidas punitivas, o julgador poderá obrigá-lo a pagar multa, a expedir mandado de busca e apreensão ou remoção de pessoas ou coisas. Nada mais justo, porquanto o tempo que se espera para efetiva recuperação do que se perdeu causa transtornos e danos ao cidadão.
A dificuldade ocorre quando o próprio Estado desobedece à determinação judicial. Esta dúvida ocorre, porque se sabe que muitos setores da Administração Pública, com muita freqüência, violam preceitos constitucionais e a legislação comum.
O Estado-Juiz manifesta-se por meio de sentença, palavra final do juiz, ou de acórdão, palavra final do tribunal. O jurisdicionado acredita no sistema, desde o momento no qual contrata advogado para obter o que lhe foi injustamente retirado.
Interessante e incompreensível é que o Estado, criador da lei, é o maior responsável pelo uso, abuso e pelo descrédito do Judiciário. As estatísticas mostram que o Estado, como um todo, está requerendo ou respondendo a 70/80% de todas as causas no Judiciário. Isto se deve ao fato de que o Estado é o maior cliente dos serviços judiciários, ocupando assim  espaço que deveria ser destinado ao cidadão; além disto, ousa descumprir as decisões quando contrárias aos interesses do governante do momento. E o pior é que o sistema não possui os mesmos elementos aptos a dobrar a vontade do agente político. Com efeito, o Estado, através de seus órgãos, é ente inanimado, sem inteligência, sem sentimento e que não sente, no bolso, os efeitos das penalidades aplicadas pelo descumprimento das decisões judiciais.
A Justiça encolhe quando os prepostos do Estado descumprem as determinações do Estado-Juiz. Quantos idosos, quantos doentes, quantos contribuintes, quantos concurseiros esperam o cumprimento de decisões judiciais para recebimento de valores em precatório, para internamento ou recebimento de medicamento em garantia do direito à vida, para continuar com sua atividade livre de perseguições ou para ocupar a função para a qual foi aprovado!
E o Estado Juiz o que faz? Através do juiz expede ofícios e mais ofícios para determinar o cumprimento da medida judicial que é descumprida e, quando muito, é executada depois de muitos contratempos e danos para o credor. Os agentes políticos recorrem, sabendo que não terão êxito, atrasam de toda a forma para a finalização do processo.
Chega a um momento no qual o julgador simplesmente confessa-se impotente para solucionar o impasse ou, pior ainda, se enerva com reclamações da parte buscando efetivar a decisão judicial. O resultado é que o jurisdicionado, que contratou e pagou honorário e custas judiciais, que buscou e acreditou na Justiça, que esperou e perdeu muito tempo com as diligências judiciais, se vê no mundo da amargura, pois ganhou, mas não levou.
A magistratura tem o dever de buscar alternativas para evitar o uso e abuso do “jus esperniandi” por parte do Estado simplesmente para não cumprir a decisão judicial.


agora a repostagem do caso ediliz!